O desejo de trabalhar com novos nomes do cinema mundial fez o diretor canadense Matthew Hansen convidar o brasileiro Pedro Morelli – autor da série Contos de Edgar, exibida no canal de TV a cabo norte-americano FOX, e coprodutor de Entre Nós, dirigido por seu pai, Paulo Morelli – para dirigir o que promete ser o primeiro filme com produção brasileira a misturar cenas reais com animação por computador. O resultado poderá ser visto provavelmente em outubro, quando o filme, batizado inicialmente de Zoom, deve estrear nas salas de cinema de todo o mundo.
A película começou a ser filmada em junho do ano passado em Toronto, no Canadá, e em ambientes de São Paulo e de Trindade, no Rio de Janeiro, e tem como principal nome o ator mexicano Gael García Bernal (Diários de Motocicleta, Amores Perros, No). Além dele, estão no elenco a brasileira Mariana Ximenes e os canadenses Jason Priestley, Don McKellar e Alison Pill, cada um em um núcleos específico da trama.
Zoom conta três histórias: na primeira, Emma (Alison Pill) é funcionária de uma fábrica de bonecas sensuais que sonha em ter seios maiores, iguais aos que vê no trabalho. Ela despeja todas as frustrações em seus desenhos em quadrinhos que contam a história de um diretor de cinema, Edward (Gael García Bernal), que, sem Emma saber, existe e está no Rio de Janeiro dirigindo um filme sobre Michelle (Mariana Ximenes), uma modelo brasileira que, também para se livrar dos problemas pessoais, começa a escrever um livro sobre Emma.
Assim, há uma ligação entre os três personagens, ainda que em cenários distintos, mas que se encontram para amarrar o filme, na técnica conhecida como metalinguagem. O detalhe principal é que as cenas de Edward, o papel de Gael, é totalmente feito em um tipo particular de animação.
“A metalinguagem está em favor da história, assim como a animação. Ela não está ali apenas como uma firula para ficar bonito, mas está, de fato, imbricado no filme. Aquela menina está desenhando uma história em quadrinhos e você vê esses quadrinhos tomarem vida no personagem do Edward”, conta Pedro Morelli à Brasileiros. “Eu sou um grande fã de Charlie Kaufman [diretor de cinema norte-americano], sempre assisti as coisas dele e acho que é um cara que sempre faz obras originais. A metalinguagem é um jeito inteligente de ser irônico. O filme é isso: uma aventura metalinguística que deixa você preso naquele ciclo maluco. Essa é a graça”, completa.
Juntas, as cenas de animação com Gael somam 29 minutos do filme. Elas estão sendo feitas nos estúdios da produtora O2, em São Paulo, por um corpo de 25 profissionais que trabalham desde o ano passado no processo de desenho manual dos traços e paleta de cores dos quadrinhos. Os frames são tirados de cenas reais filmadas com o ator mexicano e, posteriormente, traçadas “artesanalmente” por computador. O resultado é um desenho “sujo” e em movimento mesmo em cenas em que os personagens estão estáticos. O processo de animação ainda está inacabado e, segundo Morelli, deve ser concluído no final de abril, quando os 20 mil frames do núcleo de Gael devem ser terminados.
Antes da estreia, Morelli e a produção do filme esperam pelas seleções para festivais, cono Cannes, Toronto e Rio de Janeiro. Em fevereiro, ele recebeu a visita de Anne Delseth, curadora da Mostra Quinzena de Realizadores do Festival de Cannes, e Julien Welter, da curadoria da Seleção Oficial do Festival. A expectativa é que Gael García Bernal, grande nome do filme, venha ao Brasil no meio do ano para promover a obra.
Zoom é fruto de uma parceria entre o Brasil e o Canadá e ainda tem na produção Niv Fichman, que realizou também o filme Ensaio Sobre a Cegueira, lançado em 2008.
Veja o depoimento de Pedro Morelli à TVBrasileiros!:
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