J.R. Duran lança nova edição da “Rev.Nacional”

Registro fotográfico realizado no dia 31 de agosto, data da votação do impeachment de Dilma Rousseff no Senado. Foto: J.R. Duran
Registro fotográfico realizado no dia 31 de agosto, data da votação do impeachment de Dilma Rousseff no Senado. Foto: J.R. Duran

O formato grande, o calibre do papel e a qualidade da impressão chamam de cara a atenção de quem vê e folheia a Rev.Nacional. Um olhar mais atento revela a seleção de fotos em preto e branco editadas com apuro, ocupando páginas inteiras, textos saborosos e não muito longos, e entrevistas ao estilo do programa Ensaio, do finado Fernando Faro, em que só entram as respostas.

A proposta, “simples e pretensiosa”, como diz o editor J.R.Duran, e também autor de todos os cliques, é dar ao leitor uma experiência exclusiva de imagem e conteúdo, algo que não se encontra na internet. Apostar no papel, na sensação tátil, na exploração dos cinco sentidos, como no ensaio que faz parte deste novo número da Rev. Nacional – o oitavo – em que closes de um olho, um nariz, uma mão, uma orelha e uma boca, com a língua molhada, quase obscena, parecendo um animal marinho, revelam a estranheza de que somos feitos.

A mesma estranheza – tão familiar – que notamos na radiografia fotográfica do dia do impeachment, em pleno Senado, um dos melhores ensaios desta edição. A expressão gulosamente satisfeita dos políticos em conluio, a solenidade farsesca com que forjam o golpe, as feições  vilanescas, ressaltadas pelas sombras e o contraste do preto e branco, o sorriso mal contido do escárnio dizem muito mais que as mil palavras do ditado. Parecem caricaturas naturais.

Ainda na política, Eduardo Suplicy fala com franqueza de seu programa de renda mínima. Stefan Zweig tem resgatada sua utopia de Brasil. Emicida, capa deste oitavo número, fala da sua paixão pelos quadrinhos e do racismo no País. A diversidade na música se faz presente também nos depoimentos e retratos de Liniker e Johnny Hooker.  Da ambiguidade sexual à sexualidade explícita, do homoerotismo ao olhar tradicionalmente masculino, tudo parece caber no editorial da Rev.Nacional, contanto que bonito, de bom gosto. Ninfas nuas, tantas vezes retratadas com sensibilidade pelo fotógrafo catalão na Playboy, têm destaque, em especial no ensaio que recria a atmosfera dos filmes de Eric Rohmer.

SERVIÇO 
Lançamento Rev.Nacional Nº8
Dia 29 de novembro, terça-feira, às 19h,
Livraria da Vila – Shopping JK, São Paulo

 


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