A democratização da ciência

“O impossível é o factível que ninguém dedicou energia suficiente para alcançar!”. A frase é do neurocientista Miguel Nicolelis, ou melhor, a frase é o neurocientista Miguel Nicolelis. 

A meta “impossível” que hoje busca o cientista é fazer com que paraplégicos voltem a andar, auxiliados por uma veste robótica comandada pelo cérebro. Não duvide dele, após décadas de pesquisa, a palavra “impossível” já foi descartada. 

Esses estudos resultaram no “Walk Again Project (Projeto andar de novo)”, que deu origem ao livro Muito Além do Nosso Eu (Companhia das Letras), lançado a quase três anos. Porém, não era o bastante. Talvez em missão tão difícil como fazer com que paraplégicos voltassem a andar, a nova empreitada de Nicolelis é democratizar a ciência, fazer com que ela seja inteligível e acessível até para crianças. Para isso, se juntou a Giselda Laporta Nicolelis, sua mãe e reconhecida escritora de literatura infanto-juvenil no lançamento da obra O Maior de Todos os Mistérios (Companhia das letras), uma espécie de reedição de seu último livro, mas com uma linguagem lúdica, menos técnico e mais provocativo.

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O lançamento aconteceu na noite de terça-feira, 1 de abril, no auditório do SESC Vila Mariana. Um pouco atrasado, o bem humorado Miguel Nicoleis subiu ao palco já se desculpando com “Dona Giselda” pela correria, já que saiu do laboratório em cima da hora e não teve a chance de trocar de roupas ou cortar os cabelos, como queria sua mãe, que acompanhava a palestra da platéria. Emocionado, o cientista, que morou e fez carreira fora do País, disse acreditar estar perto de alcançar seu objetivo e chegou a chorar ao dizer que nunca imaginaria estar de volta ao Brasil quase 30 anos depois, ainda por cima, lançando um livro com sua mãe.

Resumindo a obra de forma concisa, Nicolelis afirmou que o livro é uma conversa reflexiva com o leitor sobre o maior mistério do universo, segundo o próprio autor, “esse que está entre nossas duas orelhas”. Para justificar tal afirmação, ele lembrou que, se não fosse a capacidade ilimitada do cérebro humano, nós nunca descobriríamos nada a respeito do mundo, do universo ou a respeito de nós mesmos. 

O neurocientista não só afirmou que é possível o cérebro adaptar o corpo a uma nova realidade, como isso vem acontecendo desde sempre. “As ferramentas fazem parte de nosso corpo, se eu pudesse registrar o cérebro do Pelé, não iria encontrar apenas a representação de um pé, mas sim uma de um pé com uma bola, é como aquele objeto fosse uma extensão de seu corpo, ele nunca precisou olha-la para saber o que fazer com ela”, explicou, “é tudo uma questão de libertar o cérebro dos limites físicos do corpo”, terminou.

Para encerrar o lançamento, antes de sessão de autógrafos, Miguel Nicolelis reforçou seu sonho de ter uma criança paraplégica vestindo seu traje “neuro-mecânico” dando o pontapé inicial da Copa do Mundo no Brasil. “Isso vai mudar pra sempre a definição de um gol brasileiro”, concluiu.


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