Entre 1916 e 1935, a fábrica de cigarros brasileira Souza Cruz teve sua própria revista, que levava o nome da empresa. Mas não era uma publicação qualquer. Com um bom investimento em colaboradores de peso, publicou textos exclusivos e inéditos de nomes laureados da literatura brasileira, como os poetas Augusto dos Anjos, Cecília Meireles e Manuel Bandeira e o escritor Lima Barreto, além do pintor (e ilustrador) Di Cavalcanti. Embora viesse de uma marca de cigarro, a Revista Souza Cruz era voltada para cultura e comportamento. Marcou época e se tornou um dos primeiros veículos do país a publicar histórias em quadrinhos.
O tempo passou, o policiamento contra os males do fumo se intensificaram e a publicação caiu no limbo da memória da imprensa. Essa condição, porém, deixa de existir a partir de agora, com o lançamento, na quinta-feira, dia 6, no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, de uma luxuosa caixa com sete volumes que resgata a sua importância, a partir de uma antologia temática. Assim, foram selecionados textos, fotos, desenhos e quadrinhos subdivididos em poesia, literatura, crônica, publicidade, mulher e capas. Há, ainda a edição “1”, que traz um panorama da tradição dos periódicos de cultura do país e a contribuição da Revista Souza Cruz nesse contexto.
Com periodicidade inicial mensal e, depois, bimestral, a publicação chegou a ter 70 mil assinantes. Agora, sob patrocínio da própria Souza Cruz, por meio do uso da Lei Rouanet, a Debê Produções, produtora fundada em 2004 no Rio de Janeiro por Marcio Debellian, organizou a coleção que compilou boa parte das 211 edições – apenas 13 não foram encontradas. Também foram convidados profissionais para apresentar os diversos fascículos. Em “Publicidade”, por exemplo, o texto de apresentação é de J. Roberto Whitaker Pentado, presidente da ESPM, que destaca o fato da companhia ter encarado sua missão midiática com a maior seriedade, ao abrir suas páginas para os grandes anunciantes da época, ao invés de ficar publicando uma sucessão de mensagens promocionais de seus próprios produtos.
O único aspecto a lamentar é que a coleção não está à venda. A tiragem de mil exemplares será distribuídos para bibliotecas, universidades, professores, jornalistas e formadores de opinião. Porém, a obra foi digitalizada e pode ser vista na íntegra no site.
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