A voz de Maria Valéria Rezende, calorosa e meio rouca, e seu jeito simples e simpático, dão a impressão de que estamos na mesma sala e não separados por milhares de quilômetros. Do outro lado do telefone, em João Pessoa, onde vive com outras três irmãs de sua congregação, Cônegas de Santo Agostinho, ela dispara a falar, num divertido ritmo de “quatro cotovelos”, e conta histórias que até Deus duvida. Mas que são muito verdadeiras.
Nascida em Santos, de uma família de intelectuais (seu tio-bisavô é o poeta Vicente de Carvalho), Valéria nunca quis ser escritora, meio de birra. Ainda pequena, conheceu Pagu, heroína para os adolescentes cultos da cidade portuária. Aos 14, dava aulas no sindicato dos estivadores. Pouco depois, cantava no coro da primeira obra vanguardista de Gilberto Mendes
A literatura ainda estava longe, mas sua vida já se revelava literária. Entrou no convento um ano depois do golpe, na mesma época que o amigo de infância Frei Beto, dominicano. E partiu para o mundo. Percorreu o sertão da Paraíba e de Pernambuco para aplicar os ensinamentos de Paulo Freire e os princípios da Teologia da Libertação. Protegeu perseguidos políticos, escondendo-os, falsificando passaportes e ajudando-os a sair do País.
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