Pisando devagarinho no chão da vida – como ela cantou em seu sucesso Alguém me Avisou – Dona Ivone Lara chega hoje aos 95 anos de idade, quase 80 deles dedicados ao samba. Em plena atividade, na noite desta quarta-feira, a cantora e compositora sobe no palco do Imperator – Centro Cultural João Noguieira, no Rio de Janeiro, para celebrar nove décadas e meia de vida com o espetáculo Damas Negras do Samba.
Com início às 19h, a celebração contará com a presença de Áurea Martins, sambista com mais de 40 anos de carreira, Luiza Dionízio, intérprete revelada nos pagodes e rodas de samba cariocas dos anos 1980, e Nilze Carvalho, cantora e bandolinista do grupo Sururu na Roda. No repertório, claro, o quarteto interpretará grandes clássicos da aniversariante, como Sonho Meu, Acreditar, Candeeiro da Vovó e Alguém me Avisou.
Carioca, nascida no bairro de Botafogo, Yvone Lara da Costa, nome de batismo da artista, começou a compor aos 12 anos de idade. É desse período, por exemplo, uma de suas canções mais famosas, o partido alto Tiê-Tiê. Aos 17, órfã de mãe e pai, ela passou conviver com o tio Dionísio Bento da Silva, músico amador que pertencia a um grupo de choro, e que estimulou a menina a tocar cavaquinho.
Em 1947, Dona Ivone se casou com Oscar Costa, filho do presidente da Escola de Samba Prazer da Serrinha. Naquele mesmo ano, ao lado de dissidentes da agremiação, ela fundou a Império Serrano. No Carnaval de 1965, entrou para a história como a primeira mulher a compor um samba-enredo, Os Cinco Bailes da Corte, escrito a seis mãos com Silas de Oliveira e Bacalhau.
Cinco anos mais tarde, em 1970, Dona Ivone fez sua estreia fonográfica com o LP Sambão 70, lançado pela gravadora Copacabana e produzido por Osvaldo Sargenteli e Adelson Alves. Com ele, deu início a uma sólida carreira de intérprete e compositora, marcada por mais de 20 álbuns, três DVDs. Cultuada por sucessivas gerações, Dona Ivone Lara tem composições relidas por estrelas de nossa música popular, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Bete Carvalho, Jorge Aragão e Zeca Pagodinho.
A trajetória legado da cantora e compositora foi recentemente celebrado na biografia Dona Ivone Lara – A Primeira Dama do Samba (Editora Sonora, 236), lançada em 2015, pelo jornalista Lucas Nobile, como complemento de outra publicação essencial para compreender a importância de Dona Ivone, o título dedicado a ela da série Samba Book (saiba mais na página oficial do projeto).
MAIS:
Veja, na íntegra, apresentação de Dona Ivone Lara no extinto programa Bem Brasil, da TV Cultura
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