No Dia Mundial do Rock, ouça dez álbuns genuinamente brasileiros

 

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Nesta quarta-feira (13), é comemorado o Dia Mundial do Rock. Nascido nos Estados Unidos no início da década de 1950, o gênero, herdeiro do blues,  teve como primeiras estrelas artistas como a pioneira Sister Rosetta Tharpe, Chuck Berry, Carl Perkins, Little Richard, Elvis Presley, Bo Didley, Fats Domino, Bill Halley e Buddy Holly.

A influência exercida por eles atravessou o Atlântico na primeira metade dos anos 1960 e conquistou o mundo com o advento da chamada Invasão Britânica, movimento liderado por bandas como Beatles, Rolling Stones, The Who, Them, The Kinks, Cream e The Animals. De sonoridade rústica, moldada em poucos – mas incisivos – acordes, o gênero ganhou o status de grande arte na segunda metade da década, com o psicodelismo difundido pelos Beatles em álbuns como Rubber Soul (1965) e o sucessor Revolver (1966).

As experimentações surgidas no período, também explicitadas na cena de San Francisco (EUA), de bandas como Jefferson Airplane, Grateful Dead e Moby Grape, revolucionaram não só o próprio rock como também a música feita por gênios do jazz como Miles Davis, que mudou radicalmente suas composições a partir do contato com o manancial de tonalidades elétricas do Experience, trio liderado por Jimi Hendrix – apresentado a Miles, reza a lenda, por sua então namorada, a cantora Betty Davis.

Para muitos brasileiros mais jovens, rock feito por aqui surgiu nos anos 1980, com bandas como Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Ultraje a Rigor e Legião Urbana. Enganam-se, no entanto, aqueles que acreditam que isso é fato e que a ancestralidade dessa geração está circunscrita a nomes isolados como Raul Seixas, Rita Lee e os Mutantes (a propósito, ouça o compacto do O’Seis, banda que originou o grupo paulistano). Desde os anos 1950, ratificando nossa vocação para a antropofagia musical, o cancioneiro brasileiro é terreno fértil para o rock n’ roll, como veremos a seguir na lista que preparamos especialmente para celebrar o Dia Mundial do Rock.

A seleção inclui dez álbuns lançados entre as décadas de 1950 e 1970. Não estranhe, caro leitor, que a compilação seja encabeçada por uma trilha sonora de novela. Veiculado em 1976 pela Rede Globo, escrito por Mário Prata e dirigido por Régis Cardoso, o folhetim Estúpido Cupido revisitou o romantismo juvenil dos anos 1950. Não por acaso, estão presentes na trilha sonora de Estúpido Cupido artistas embrionários do rock Made in Brazil, como Celly Campello, Carlos Gonzaga, Demétrius, Sérgio Murillo e Betinho e Seu Conjunto – como a maioria das canções foram lançadas em fonogramas avulsos, a compilação lançada pela Som Livre tem seu valor histórico reiterado. 

Cronológica, a lista também evidencia que as movimentações do rock fora do País foram acompanhadas de perto por aqui, como atestam os álbuns de artistas como Os Baobás, que já em 1966 reverberavam o psicodelismo de bandas como a californiana Love, Módulo 1000, ícone do rock progressivo pesado, do cultuado Não Fale Com Paredes (1970), e o LP homônimo dos pernambucanos do Ave Sangria, grupo anárquico que, em plena ditadura Médici, afrontava a moral e os bons costumes com muita maquiagem e comportamento transviado, para usar um termo da época, à maneira dos New York Dolls.

Duas curiosidades: o álbum de Leno, Vida e Obra de Johnny McCartney, foi produzido por Raul Seixas (conheça a história); Cilibrinas do Éden reúne Rita Lee e Lucinha Turnbull, a primeira guitarrista do País – o álbum, no entanto, não foi lançado no ano de seu registro, 1973, por divergências da dupla com a gravadora Philips, não oficial, a edição que circula no mercado de LPs foi editada em 2008 pelo selo português Groovie Records.          

A seguir, confira os dez álbuns na íntegra.  

Estúpido Cupido – Trilha Sonora Original (1976)

Os Baobás – Os Baobás (1968)

Liverpool – Por Favor, Sucesso (1969)

Módulo 1000 – Não Fale Com Paredes (1970)


O Terço – O Terço (1970)

Leno – Vida e obra de Johnny McCartney (1971)

Cilibrinas do Éden – Cilibrinas do Éden (1973)

Ave Sangria – Ave Sangria (1974)

O Peso – Em Busca do Tempo Perdido (1975)

Flying Banana – Flying Banana (1977)

 

 


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