A primeira Bienal Internacional de Teatro da Universidade de São Paulo (USP) continua com apresentações até o dia 15 de dezembro e pretende mostrar como o tema “Realidades Incendiárias” nas recentes mobilizações mundiais se traduz nos palcos. Na lista de peças vindas do exterior estão produções do Líbano, da Argentina, Cisjordânia, Eslovênia e Tunísia. De acordo com a curadoria da mostra, os espetáculos se destacam pela ousadia em desafiar padrões estéticos vigentes.
Segundo o diretor de Teatro da USP (Tusp), Celso Frateschi, o tema escolhido tem o sentido tanto de entender o palco como uma realidade transformadora, quanto entender como ela é retratada por esse palco. Foi a partir dessa reflexão que se chegou aos países onde os conflitos ainda estão presentes. A seleção dos espetáculos, segundo ele, foi sobretudo com um olhar artístico, onde não houve nenhuma preocupação em atender a a algum tipo de demanda comercial existente.
Para a diretora teatral Deise Abreu Pacheco, integrante da curadoria da mostra, uma das discussões propostas pela bienal será o próprio enquadramento das produções em uma categoria, uma vez que não são espetáculos tradicionais que a bienal vai mostrar. Para ela é, inclusive, difícil categorizá-los. São, na verdade, experiências muito radicais que tratam de questões da vida das pessoas. Os curadores acreditam que, ao assistir a todas as apresentações, o público terá experiências diferenciadas.
A mostra será aberta às 14h, no Tusp, com o 66 Minutes in Damascus, do diretor libanês Lucien Bourjeily, inédito no Brasil. Com sessões seguidas para apenas oito pessoas de cada vez, o espetáculo levará o público a uma imersão cênica que propõe a experiência próxima à realidade de um turismo de guerra. A produção foi composta a partir do relato de jornalistas estrangeiros e ativistas locais sobre os centros de detenção sírios. Os turistas, que são os próprios espectadores, são presos pelo serviço secreto do país.
Outra atração internacional é a peça argentina Mi Vida Después, da diretora Lola Arias. O espetáculo promove o encontro de seis atores nascidos na década de 1970 com a juventude de seus pais a partir de fotos, cartas, fitas, roupas e memórias. Da Cisjordânia, o diretor Gary M. English traz o espetáculo The Island, que reconta a história do apartheid. Serão apresentados ainda os espetáculos estrangeiros Damned Be Traitor of His Homeland! (Eslovênia/Croácia); e Macbeth – Leila and Ben: a Booldy History (Tunísia).
Quatro espetáculos nacionais completam a programação da bienal. No dia 5 de novembro, às 20h30, o grupo Desvio Coletivo discute, na peça Pulsão, a motivação da vida por meio de jogos relacionais e de cenas que operam no limite entre o teatro e a performance. Segundo o diretor-geral do espetáculo, Marcos Bulhões, o roteiro surgiu quando ele estava em um hospital vivendo uma situação limite. Ele considera positivo que a mostra selecione apresentações que fujam do apelo comercial. Para ele, o espaço pedagógico permite esse tipo de ruptura.
O diretor do Tusp aposta que essa independência comercial, tendo em vista que todo o financiamento é da USP, será um diferencial da mostra em relação a outros festivais.
A programação nacional terá também os espetáculos BadenBaden, do Coletivo Banal de Florianópolis (SC); Arqueologias do Presente: a Batalha da Maria Antônia, da diretora Cristiane Zuan Esteves (SP), e Outro Lado, dirigido por Assis Benevenuto, Ítalo Laureano, Marcos Coletta e Rejane Faria, de Minas Gerais.
A mostra conta ainda com atividades gratuitas de conferências, workshops e minicursos que podem ser conferidas no site.
Serviço
TUSP – Rua Maria Antônia, 294 – SP
De 31 a 15 de dezembro
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Para ver a programação completa, acesse o site.
(Com informações da Agência Brasil)
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