Zé Celso comparecerá a audiência no Fórum Criminal

O diretor teatral Zé Celso, e os atores Tony Reis e Mariano Mattos Martins, do Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, deverão comparecer nesta segunda-feira (8), às 16h, a uma audiência no Fórum Criminal da Barra Funda, acusados de “Crime contra o sentimento religioso”. A ação foi movida em função da apresentação da peça Acordes,realizada na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e pode resultar na prisão dos artistas.  

A obra, baseada em um texto de Bertold Brecht, foi apresentada em 2012 durante uma greve realizada pelos alunos e funcionários da universidade após a nomeação da reitora Anna Maria Marques Cintra, mesmo sendo a candidata menos votada no pleito. Foi a primeira vez na história da universidade que o candidato mais votado não foi eleito democraticamente como reitor.

Acordes reflete sobre o autoritarismo e o papel da multidão dentro do contexto das mudanças. Como Zé Celso é ex-aluno da PUC-SP e a universidade vivia um momento político conturbado, alunos e professores convidaram o dramaturgo a realizar a peça no Pátio da Cruz, tradicional ponto de encontro de estudantes da universidade. Em seu blog, Zé Celso ressalta que foi convidado e autorizado a entrar nas dependências da PUC:  “No dia 27.11.12, membros da própria reitoria autorizaram a entrada do diretor e dos atores, que foram  conduzidos à Praça da Cruz, local onde os grevistas estavam reunidos e realizavam a ‘Assembleia Permanente dos Estudantes’”, explica.

A encenação foi gravada e o vídeo foi disponibilizado no Youtube, onde o Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, de Goiás, assistiu a obra e resolveu entrar na Justiça contra o Teatro Oficina e ainda abriu um inquérito policial. O padre se sentiu ofendido pois, na peça apresentada por Zé Celso, o diretor colocou um boneco com a imagem de um religioso para representar a figura do autoritarismo e, para representar metaforicamente a ruptura com o autoritário, o boneco é decapitado.  

Essa é a segunda vez que os artistas comparecerão ao Fórum por causa deste assunto. No início de novembro passado, Zé Celso, Tony Reis e Mariano Mattos foram intimados para uma audiência preliminar no processo. Em companhia de seus advogados, Fernando Castelo Branco e Fernanda de Almeida Carneiro, os três compareceram a audiência e ouviram as acusações do promotor, como uma de que eles estariam se escondendo através do Teatro para “dizer impropérios e incitar a violência”.

Os atores então rejeitaram uma proposta de acordo de Matheus Jacob, representante do Ministério Público, na qual propunha que Zé Celso e os dois outros artistas assinassem um documento de transação penal em que assumiam a culpa sobre o ocorrido. Como se recusaram a assinar o papel, uma nova audiência foi marcada para discutir o futuro dos artistas.


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