A cientista: uma trajetória que abriu muitas portas

Mariangela Hungria, cientista da Embrapa Londrina - Foto: Arquivo pessoal
Mariangela Hungria, cientista da Embrapa Londrina – Foto: Arquivo pessoal

O rosto dessa mulher pode ser desconhecido para você. Sim, para muitos aqui no Brasil, é. Que pena. Mas saiba que na África e na China ela é sempre recebida com honras e danças regionais. Sabe por quê? Simplesmente porque ela, genial brasileira e pesquisadora como é, desenvolveu uma técnica que impõe ao solo uma distribuição mais justa de alimentos, ou seja, Mariangela Hungria, cientista da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em Londrina, conseguiu com que a terra dê mais comida às pessoas.

Além de possuir um currículo interminável,  ela ainda arranja tempo orientar alunos da Universidade Estadual de Londrina. Isso tudo graças ao estímulo de sua avó, Edina, professora de ciências. 

Nascida em São Paulo, Mariangela mudou-se com a família para Itapetininga, interior paulista, onde viveu até os 10 anos. Foi ali, no quintal de casa, entre experiências e coleções de sementes e insetos, que Mariangela descobriu sua vocação, mas não sem a ajuda e a companhia de Edina: “Minha avó foi decisiva para a minha carreira, ela me acompanhava no quintal e fazíamos vários experimentos. Até que, quando eu tinha 8 anos, ela me deu o livro Caçadores de Micróbios, que falava da vida dos microbiologistas. Fiquei apaixonada e descobri que era aquilo que eu queria fazer”.

Hoje, graças aos estudos desenvolvidos no campo da fixação de nitrogênio, o Brasil tornou-se referência mundial, principalmente, em algumas culturas, como a soja e o feijão-caupi. Mariangela conta que sempre manifestou vontade de trabalhar em países da África, até que surgiu a oportunidade de elaborar um projeto para a Fundação Bill e Melinda Gates. 

Cursou engenharia agrônoma na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP) e foi no último ano da graduação que Mariangela se encontrou na área, na qual trabalha até hoje: fixação biológica do nitrogênio e microbiologia do solo.

Cursou microbiologia na Universidade de Cornell, em Nova York, e depois em fitoquímica e sinalização molecular plantas-microrganismos na Universidade da Califórnia. A princípio, Mariangela foi para ficar apenas oito meses, mas acabou ficando por três anos e meio: “Era uma boa oportunidade de aprender e de me firmar como pesquisadora”. 

Quando voltou para o Brasil, decidiu mudar de cidade, e não voltar para a Embrapa Agrobiologia, no Rio de Janeiro. Foi então que, depois de estudar todas as cidades que a entidade tinha sedes, escolheu Londrina, no Paraná. O  amor e a gratidão pelo estado do Paraná é tão grande que Mariangela e seu grupo de pesquisadores da Embrapa Soja (Londrina-PR) inscreveram uma nova espécie de bactéria em homenagem ao estado, dando-lhe o nome de Rhizobium paranaense.

Mariangela faz parte do comitê do projeto que é voltado para agricultores pobres e que têm no máximo uma propriedade de 1000 m².  E os resultados são fantásticos, ela conta, principalmente com a soja que enriquece o solo.

Além de estar contente com os resultados, a pesquisadora mostra um outro lado do projeto do qual se orgulha, “tenho um orientando de doutorado de Moçambique, e depois virá um da Etiópia, porque buscamos fazer essa parte de formação também, para que eles possam continuar o trabalho depois”.

Mãe

Se a trajetória de Mariangela já é impressionante por conta de sua dedicação aos estudos e à pesquisa, imagine ao saber que foi mãe de duas meninas, Carolina e Marcela. 

A Marcela, aliás, é especial e, como Mariangela diz “ela é um presente eterno, sempre de bem com a vida, dá muitas lições: ‘Até me pergunto, mas quem é a deficiente?. Muitas vezes, ela mostra qual é o caminho certo, sempre um caminho diferente’”.

Marcela, a bela de 37 anos, adora canetinhas e pulseiras e desenha como ninguém. Mariangela, parabéns.


Comentários

3 respostas para “A cientista: uma trajetória que abriu muitas portas”

  1. Avatar de Hylea Ferraz
    Hylea Ferraz

    Obrigada Mariangela, por toda sua dedicação à minha filha e ao nosso estado do Paraná.

  2. Eu, sua filha científica (PAMELA MENNA) e sua netinha (MARIA EDUARDA)…tivemos a maior sorte do mundo e também a enorme felicidade de um dia termos atravessado o caminho desta pessoa INCRÍVEL….desta pesquisadora INCOMPARÁVEL…desta mãe ÚNICA. Parabéns Mariangela Hungria…..e obrigado por existir!!!

  3. Avatar de Temis Bohrer
    Temis Bohrer

    Dra.Mariangela Hungri. Pessoa admirável na pesquisa e fundamental na formação pessoal e cientificada de seus orientandos. Brasileira que promove orgulho ao nosso pais. Tenho a honra de ser sua amiga.

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