Lama tornou solo improdutivo em Mariana, diz Embrapa

A área atingida pelos rejeitos é de 1.430 hectares e abrange os municípios de Mariana, Barra Longa e Rio Doce - Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
A área atingida pelos rejeitos é de 1.430 hectares e abrange os municípios de Mariana, Barra Longa e Rio Doce – Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

Estudo realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) revela que o solo das áreas atingidas pela lama da barragem da mineradora Samarco não apresenta mais condições para o desenvolvimento de atividades agropecuárias. A área atingida pelos rejeitos é de 1.430 hectares e abrange os municípios de Mariana, Barra Longa e Rio Doce, em Minas Gerais. Nos outros locais, os prejuízos ficaram mais concentrados na calha do Rio Doce e na vegetação ciliar.

O trabalho da Embrapa começou em 18 de novembro. Foram feitas coletas em 10 pontos de amostragem da área atingida pela lama. “Apesar de não ser tóxico, o material que está se sedimentando não apresenta condições para a germinação de sementes, nem para o desenvolvimento radiculares das plantas. Além da baixa fertilidade e dificuldade de infiltração de água, o nível de matéria orgânica necessário para a vida microbiana do solo também foi bastante prejudicado”, explica Amarildo Kalil em reportagem do Estado de Minas.

A lama reduziu os níveis de potássio, magnésio e cálcio, necessários para o desenvolvimento de atividades agrícolas. O pH, que mede a acidez do solo, também foi alterado. A tendência é que o solo fique bastante compactado por causa dos altos teores de silte e areia fina, com baixa presença de argila. “A segunda etapa da análise é para saber em que este material que cobriu o solo original irá se transformar. Qual será o grau de compactação. Deveremos concluir este estudo no início de fevereiro do próximo ano”, explica o chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Solos, José Carlos Polidoro. “Infelizmente, o resultado dos estudos confirmou o estrago para a atividade agropecuária na região. Nosso desafio agora, envolvendo todas as esferas do setor público, é reduzir os problemas dos produtores e buscar alternativas econômicas para eles.”

O estudo aponta redução no solo dos níveis de potássio, magnésio e cálcio que são necessários para o desenvolvimento de atividades agrícolas. O pH, que mede a acidez do solo, também foi alterado. A tendência é que o solo fique bastante compactado por causa dos altos teores de silte e areia fina, com baixa presença de argila.

O presidente da Emater-MG, Amarildo Kalil, propõe uma intensa atividade de reflorestamento, com diversas espécies nativas, na área atingida pelos rejeitos da mineração. “É um trabalho que só apresentará resultados daqui a alguns anos, mas precisa ser feito para tentar recuperar o solo”, explica. Segundo ele, a ação consiste na abertura de covas maiores onde seriam acondicionados todos os nutrientes e matéria orgânica para viabilizar o desenvolvimento das plantas.

Segundo o pesquisador da Embrapa Solos José Carlos Polidoro, a ação imediata deve ser a contenção da erosão, que ainda pode levar sedimentos da área afetada para os cursos d’água, principalmente neste período de chuvas. A Emater-MG também elaborou um plano de ação junto com a Epamig e prefeituras para fazer visitas aos produtores atingidos pelo rompimento da barragem. Estão sendo aplicados questionários para, principalmente, quantificar as perdas sofridas pelos agricultores.


Comentários

Uma resposta para “Lama tornou solo improdutivo em Mariana, diz Embrapa”

  1. Avatar de Eduardo Carlos Real Pereira - cidadão riodocense
    Eduardo Carlos Real Pereira – cidadão riodocense

    Infelizmente esse relato já era previsível, até mesmo para o mais ignorante e leigo. no assunto.
    Além de dizimar todas as formas de vida no rio, contaminar toda a extensão e entorno dos rios “Do Carmo” e “Doce”, os municípios mais afetados pela lama tóxica, (Mariana, Barra Longa e principalmente Rio Doce, porque foi aqui que ficou retido o maior volume de lixo tóxico e pesado – no lago da U.H.Candonga), também estão sendo os mais prejudicados em função da maior destruição das respectivas matas ciliares e das baixadas (terras mais produtivas) em seus territórios, com maior chance de assoreamento do rio em função da ausência da mata ciliar, reiterando assim os resultados da pesquisa realizada pela conceituada instituição,EMBRAPA.
    Se desejamos fazer renascer o rio Doce, precisamos urgentemente, tratar o leito dos dois rios,reflorestando-os para minimizarmos o assoreamento.
    Catalogar e cercar todas as nascentes, obrigando todas as cidades que fazem parte da bacia hidrográfica do rio Doce, a executar seus projetos de tratamento de todo tipo de resíduo despejado nos respectivos rios.
    Educar o povo, com políticas públicas voltadas para a proteção do meio ambiente, lançando campanhas de conscientização para motivar os cidadãos.
    Enfim, mobilizar estado, município e população no engajamento para que o rio Doce volte ater vida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.