4 em cada 10 moradores de favelas querem abrir o próprio negócio

Favela do Moinho, no bairro dos Campos Elíseos - Foto: Leon Rodrigues/ Secom/ PMSP (18/12/2014)
Favela do Moinho, no bairro dos Campos Elíseos – Foto: Leon Rodrigues/ Secom/ PMSP (18/12/2014)

Ser o dono do próprio negócio é o desejo de boa parte dos 12,3 milhões de moradores das favelas brasileiras. A cada 10 moradores, 4 têm vontade de empreender e 55% pretendem abrir o negócio em até 3 anos. Pesquisa inédita feita pelo instituto Data Favela, com apoio do instituto Data Popular e da CUFA (Central Única das Favelas), e que será apresentada terça-feira (3), em São Paulo, durante o 2º Fórum Nova Favela Brasileira, mostra que os moradores nas favelas têm mais vontade de empreender do que a população em geral. No Brasil, 23% querem empreender.

Entre os moradores que pretendem ter o próprio negócio, 63% querem empreender dentro da favela onde vivem. Já 19% têm a intenção de empreender fora da comunidade onde mora, mas em um bairro próximo, e 15% querem o negócio fora da comunidade, em um bairro mais longe. Em 2013, 59% tinham vontade de empreender. A maior parte das pessoas que pretendem empreender (35%) deseja investir no ramo de alimentação.

Perfil

Segundo a pesquisa, o perfil dos futuros empreendedores das favelas brasileiras e revela que a maioria (56%) pertence à da classe C, 38% são da classe baixa e 7% da classe alta. Boa parte dos futuros empreendedores tem mais de 25 anos e é casada (51%), 49% são homens, 51% são mulheres e a maioria (73%) é negra ou parda.

Mais oportunidades

Com a abertura de novos negócios nas comunidades, a economia local também se fortalece. Entre os moradores que fizeram compras nos últimos 30 dias, 82% compraram itens básicos no comércio que fica na própria comunidade onde mora. “Pensando no potencial de consumo dos moradores, a favela ainda carece de mais oportunidades de negócios para atender a população local. Existem espaços para fomentar negócios nas mais diversas áreas” destaca Renato Meirelles, presidente do Data Popular.

Esse cenário favorece para a entrada de novas oportunidades de negócios nas comunidades, uma vez que a maioria das pessoas recorre ao comércio fora da favela na hora de comprar produtos mais caros, como eletrônicos, eletrodomésticos ou produtos de tecnologia, seja por causa da facilidade para encontrar esses itens ou pelas condições de pagamento oferecidas pelas lojas que estão fora das favelas.

No levantamento, 81% dos moradores costumam comprar eletroeletrônicos fora da favela. Apenas 7% adquirem esses itens em uma loja na favela. Os moradores também saem da favela quando precisam comprar roupas e móveis – 81% compram roupas fora da comunidade e 76% costumam comprar móveis fora da favela.

A pesquisa

O estudo foi feito em fevereiro deste ano, pelo instituto Data Favela, com apoio do Data Popular e da CUFA, com 2 mil moradores, de 63 favelas, localizadas em nove regiões metropolitanas e também no Distrito Federal (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Brasília).


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