O Estadão há tempos que já se foi. Mas a banca está lá. Firme. Um marco na cidade de São Paulo. Ali no Viaduto 9 de Julho, ao lado da rua Major Quedinho, em frente ao Bar do Estadão, aquele dos fantásticos sanduiches de pernil, quase defronte ao prédio antes ocupado pelo jornal O Estado de S. Paulo. A Banca do Estadão está lá faz 56 anos. É a banca de jornais e revistas do seu Salvador.
Salvador Neves nasceu no dia 28 de fevereiro de 1936 na Vila do Touro, uma freguesia, um vilarejo na região nordeste de Portugal. Vila do Touro hoje não tem mais que 200 habitantes em seus quase 23 km2. Lá ele cuidava das ovelhas da família e quando fez 21 anos veio para o Brasil. Aqui casou com Terezinha, mineira de Januária, boa de fazer contas e que trabalhou na banca de jornal com o marido até há pouco tempo. Eles tem mais uma banca do outro lado do viaduto e dois filhos, Rita de Cássia e Otávio. Hoje é Otávio quem ajuda o pai na banca. A mãe fica em casa e Rita é formada em gastronomia. Salvador acorda todo dia às 2 da manhã para ir trabalhar na Banca do Estadão. Para isso vai dormir às 7 ou, o mais tardar, às 8 da noite. A família mora na zona leste de São Paulo, na Vila Nhocuné e pai e filho chegam para o trabalho às 3 da matina. O retrato aqui do seu Salvador foi feito às 03:42 h. Hoje com 78 anos, ele torce para a Portuguesa enquanto o filho Otávio é são paulino. Apesar das diferenças a convivência é de pai pra filho. Seu Salvador conta que a Banca do Estadão começou com dois cavaletes e uma tábua, bem na porta do jornal, onde hoje é a Praça Desembargador Mario Pires. Ali na confluência da Major Quedinho, viaduto 9 de Julho, rua da Consolação, av. São Luis e rua Martins fontes. Seu Salvador tem um plácido prazer no trabalho que faz e na vida que leva e ainda come com satisfação o sanduiche de pernil do bar vizinho.
“Eu gosto do que faço, quem fica parado morre logo” diz ele com um sorriso afetuoso.
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