“A droga não procura ninguém”, diz psicólogo

Os rumos das políticas de saúde pública para os viciados em crack foram discutidos nesta quinta-feira, na terceira palestra da Seminários Brasileiros deste mês, intitulada Virando o Jogo: É Possível Vencer o Crack. “Quando falamos em políticas públicas de saúde, normalmente pensamos na construção de hospitais e postos de saúde. Mas política de saúde pública vai muito além disso”, lembrou Bruno Ramos Gomes, psicólogo e presidente da ONG É de Lei.

Além dele participaram da mesa o doutor em psicologia Jacob Pinheiro Goldman, a psiquiatra Suzana Robortella, chefe da Secretaria de Saúde Mental da secretaria de saúde de São Bernardo do Campo, o psicólogo Bruno Rocha, educador  do Programa Cuidar, do Projeto Quixote e o mestre em psicologia Antonio Sergio Gonçalves, especialista em fármacodependência.

Gomes, Rocha, Gonçalves e Suzana citaram vários exemplos de seus respectivos trabalhos para atestar que a droga é, na verdade, um fator menor diante de outros problemas enfrentados pelos menores de rua na cracolândia paulistana. “O grande desafio para os gestores públicos é garantir a sobrevivência do jovem até o 21 anos, quando ele passa a ser adulto”, disse Suzana. “Toda vida vale a pena”.

Rocha complementou dizendo que “o jovem que vai para o centro procurar algo. Muitas vezes ele acha a droga, mas ele pode achar dignidade. E dignidade também vicia”, disse ele, que citou também o fator dos problemas familiares. “Não adianta pegar um viciado, colocar num carro e levar para casa sem resolver os problemas que levaram a sair de casa. O Vale do Anhangabaú é muitas vezes melhor que o lugar de onde essas pessoas saíram”.

O mestre em psicologia Antonio Sergio Gonçalves disse que “a droga não procura ninguém”. “O grande problema de muitos viciados é que o crack se tornou o único prazer de suas vidas. É preciso resgatar outros prazeres, como, por exemplo, o jogo da bola. Neste aspecto o esporte é essencial”.

Voz dissonante na mesa, Jacob Goldberg diz não fazer concessões à droga. “Temos de pensar também sobre as drogas lícitas, e quais os interesses por trás de sua legalidade. Tenho experiência para dizer que a droga, qualquer uma, nunca é benéfica, nunca é boa”.

 

 


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