O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef, ambos delatores da Operação Lava Jato, participaram de uma acareação nesta segunda-feira (22), em Curitiba, para esclarecer pontos contraditórios entre os depoimentos de ambos. A acareação começou pela manhã e durou cerca de oito horas. Os dois acusados ainda farão acareações nesta terça (23), quarta (24) e na quinta-feira (25), tratando sempre de pontos diferentes em cada reunião. As informações são do portal G1.
Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef são acusados de participação em um esquema de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro em contratos da Petrobras. Os dois já foram condenados em ações que correm na Justiça Federal e beneficiados por acordos de delação premiada feitos com o Ministério Público Federal.
Segundo os advogados de defesa de Costa e Yousseff, o único ponto esclarecido pelo primeiro dia de acareação foi o pagamento de propina feito pela Braskem (, empresa petroquímica vinculada à Odebrecht, para uma compra de nafta. Os outros oito pontos levantados pelas autoridades para esclarecimento terminaram com os delatores mantendo as versões originais.
O advogado que representa Paulo Roberto Costa, João Mestieri, confirmou a relação entre as versões que afirmavam que a Braskem havia pago propina: “No primeiro momento, o Paulo Roberto Costa disse que não participou disso, porque não se dava com o diretor-presidente da Braskem. Aí começaram a rememorar uma série de questões para então chegar à admissão de que isso ocorreu”, disse o advogado em entrevista ao G1. Em nota, a Braskem negou ter envolvimento com pagamento de propina.
A empresa petroquímica emitiu uma nota sobre a questão:
“A Braskem reafirma que todos os contratos com a Petrobras seguiram os preceitos legais e foram aprovados de forma transparente de acordo com as regras de governança da Companhia. É importante lembrar que os preços praticados pela Petrobras na venda de nafta sempre estiveram atrelados às mais altas referências internacionais de todo o setor, prejudicando a competitividade da indústria petroquímica brasileira”.
Acareação ainda não terminou
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Costa e Youssef ainda farão acareações na terça (23), quarta (24) e na quinta-feira (25) para tratar de outros pontos que não estão de acordo nos depoimentos. Entre estes pontos, está o envolvimento dos ex-ministros Edison Lobão (PMDB), Antônio Palocci (PT) e Paulo Bernardo (PT).
Os três ex-ministros são alvos de uma investigação aberta em março pelo Supremo Tribunal Federal em função do conteúdo das delações premiadas de Costa e Youssef. Na ocasião, o procurador-geral da República Rodrigo Janot havia pedido uma abertura de inquérito contra Lobão e a senadora Gleisi Hoffmann (PT). Já no caso de Palocci, o STF remeteu o caso para a Justiça de Curitiba, onde a investigação foi aberta.
Nesta terça-feira (23), os dois delatores vão relatar o suposto pagamento de R$ 2 milhões a pedido de Palocci em 2010. A Lava Jato apura se a campanha da presidenta Dilma Rousseff de 2010 foi a beneficiária da propina. A acareação é conduzida por um delegado da Polícia Federal de Brasília, local onde estão sendo conduzidos os inquéritos.
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