Após o encerramento, há cerca de duas semanas, da maior greve da história dos professores da rede estadual de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin anunciou na quarta-feira (1º) o investimento de mais de R$ 40 milhões em equipamentos para a Polícia Militar. Foram investidos cerca de R$ 30 milhões em viaturas blindadas, os famosos “Caveirões”, e mais R$ 14 milhões em 7.992 armas de fogo.
Os veículos blindados, importados de Israel, são verdadeiras máquinas de guerra e têm capacidade para transportar até 24 policiais. Equipados com GPS, câmeras de visão noturna e tração nas rodas “para superar qualquer obstáculo”, como disse o próprio governador em sua conta oficial no Facebook, cada viatura custou aproximadamente R$ 5 milhões. Elas também terão como função “desobstruir vias”, ou seja, serão utilizadas em manifestações que fecham o trânsito para protestar.
Vale ressaltar que, mesmo após mais de 90 dias de greve, a maior da história da categoria, os professores da rede pública estadual de São Paulo saíram de mãos abanando e ainda tiveram de recorrer ao Supremo Tribunal Federal para conseguirem receber pelos dias que ficaram paralisados. Os docentes reivindicavam 75,33% de aumento salarial para equiparar seus vencimentos com outras categorias com formação de nível superior. O governador não ofereceu absolutamente nenhuma opção de reajuste e não dialogou com os professores.
Outra questão intrigante em meio a fartura financeira disponibilizada para os Policiais Militares é a crise de abastecimento no estado, que não foi sanada mas deixou de ser comentada pelos grandes veículos de mídia. Até esta sexta-feira (3) o Sistema Cantareira, principal manancial que abastece 5,2 milhões de pessoas na cidade de São Paulo, opera no seu volume morto, ou seja, está no negativo do volume da reserva técnica, com -9,5%, segundo dados divulgados pela Sabesp.
A principal obra que, segundo o governo do Estado, poderia resolver parte do problema é a interligação dos sistemas Rio Grande e Alto Tietê. Contudo as reformas só começaram na primeira semana de maio, com mais de três meses de atraso, e vão custar cerca de R$ 140 milhões. Apesar de cerceado por crises agudas em setores básicos do estado, o governador só tem olhos para a repressão policial.
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