Segundo negro a presidir a Academia Brasileira de Letras (ABL) – o primeiro foi um dos fundadores da instituição, Machado de Assis –, o professor e escritor Domício Proença Filho foi empossado no final da tarde de quinta-feira (17) no cargo que vai exercer até o final de 2016. Ele substitui o poeta, ensaísta, crítico literário e tradutor Geraldo Holanda Cavalcanti, que dirigiu a ABL nas duas últimas gestões.
No discurso de posse no Petit Trianon, sede da academia, no centro do Rio, Domício Proença Filho declarou sua preocupação com o racismo. “Não nos esqueçam os tempos fundadores de Joaquim Nabuco e de Machado de Assis, a ação pioneira de Afonso Arinos. Entendo, a propósito, que, na realidade brasileira, respeitadas as opiniões em contrário, o núcleo de preocupação deve ser o combate contínuo e vigoroso ao racismo”, disse.
Esse assunto, no entanto, não será encampado por ele como bandeira. Em entrevista à Folha de S.Paulo, fez declarações que não agradam em cheio o movimento negro. “A Academia não discutirá isso. A questão racial nunca foi sequer aventada aqui, seja contra ou a favor.” Sua declaração sobre cotas raciais também é polêmica “Eu não fui cota. A Academia não me elegeu por eu ser um negro escritor. Me elegeu porque sou um escritor, um professor”, disse. “Acho que são necessárias hoje, mas devem ser transitórias, não permanentes. Sou pela meritocracia”, cravou.
Na posse, ele preferiu dizer que sua nova função é a de guardião “do idioma como principal meio de comunicação do País”. Autor de 65 livros, entre obras didáticas, de crítica e ensaio, poesia e ficção, Domício Proença Filho viveu sua infância e adolescência na Ilha de Paquetá, onde fez o curso primário em uma escola pública. Depois, cursou o ginasial e o clássico no Colégio Pedro II e se formou em Letras Neolatinas pela Faculdade Nacional de Filosofia, da então Universidade do Brasil, hoje UFRJ.
Professor emérito e titular da cadeira de literatura brasileira na Universidade Federal Fluminense (UFF), hoje aposentado, Proença Filho lecionou em outras universidades cariocas e ministrou cursos de literatura brasileira em universidades estrangeiras. Também produziu programas para o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação (MEC) e criou projetos culturais, como a Bienal Nestlé de Literatura.
Na ABL, ocupa a cadeira 28, para a qual foi eleito em 2006, sucedendo ao acadêmico Oscar Dias Corrêa.
*Com Agência Brasil
Deixe um comentário