Após a ocupação por parte do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) da sede da Secretaria da Presidência de República em São Paulo, o governo do presidente interino Michel Temer voltou atrás e, já na noite de quarta-feira (1º), anunciou que voltará a contratar moradias do programa Minha Casa Minha Vida Entidades.
O ministro das Cidades, Bruno Araujo, anunciou “a edição de nova portaria que divulga as entidades para contratação de unidades habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida, modalidade Entidades”, acrescentando que a “lista das entidades encaminhada pela Caixa Econômica Federal será mantida”.
Ao saber da notícia, os militantes que protestavam na Avenida Paulista, e que antes tinham ocupado o saguão da secretaria presidencial, comemoravam com gritos “a vitória é nossa!”, informou reportagem dos Jornalistas Livres.
Em assembleia, o líder do MTST, Guilherme Boulos, comemorou, criticando o governo interino. “O governo golpista do senhor Michel Temer teve de recuar, e as habitações serão contratadas”, disse. “Para aqueles que não acreditavam, engulam a nossa vitória. Aqui não tem arrego, arrego tem lá em Brasília”, disse.
Ocupação e repressão
Na tarde de ontem, manifestantes pelo direito à moradia e ativistas da Frente Povo Sem Medo ocuparam o prédio da Presidência ao mesmo tempo em que mulheres protestavam contra a cultura do estupro em frente ao Masp, na mesma avenida. “Aqui é o escritório do seu Michel Temer em São Paulo”, disse Guilherme Boulos, coordenador do MTST. “Como nós também fomos para a casa dele de a polícia nos tirou de lá com força e violência, estamos aqui hoje. E a nossa casa será aqui.”
A ocupação transcorreu de forma pacífica até a chegada da Polícia Militar, que prendeu um manifestante, agrediu com cassetete um repórter que filmava a ação e deixou vários feridos. Seis membros do MTST foram presos, de acordo com o movimento.
No mesmo momento, ali perto, mulheres faziam um ato contra a cultura do estupro. Elas levaram faixas com dizeres “Mexeu com uma, mexeu com todas” e “Nem recatadas nem do lar, a mulherada está na rua para lutar!”. Manifestantes reclamaram que o acampamento em frente à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) nunca foi agredido da mesma maneira.
Manifestações contra a cultura do estupro também foram realizadas em outras cidades. O ato no centro de Porto Alegre reuniu cerca de mil pessoas.
*Com reportagem de Lucas Martins, para os Jornalistas Livres
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