Após três casos de estupro neste ano, alunas da Federal do Rio se unem contra violência sexual

Foto: Reprodução Facebook
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A violência sexual contra mulheres dentro da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica, na Baixada Fluminense,  ganhou maior visibilidade com os recentes atos públicos e páginas nas redes sociais nas últimas semanas. Somente neste ano, três casos de estupro foram denunciados. Apenas na página Abusos do Cotidiano-UFRRJ, criada em 2013, foram registrados 615 relatos de violência de todos os tipos contra mulheres no campus desde 1970.

As estudantes resolveram se unir e se articular para pressionar a reitoria para garantir mais segurança e punição dos culpados. Desde o ano passado  atos com esse fim se intensificaram, com rodas de conversas, palestras de autodefesa para mulheres, protestos, pichações e grupos de discussão. Na segunda (4), dezenas de estudantes vestidas de preto e com batom vermelho  ocuparam o prédio principal da universidade, com palavras de ordem contra a violência sexual.

A professora de Direito da universidade Tatiana Cotta acompanhou neste mês uma estudante, vítima de estupro, até a delegacia. Na universidade desde 2010, ela criticou a impunidade que impera em relação aos casos de estupro no campus e a omissão da reitoria. “ As meninas têm medo de andar pelo campus, principalmente à noite. Eu pelo menos tenho carro, mas caminhar sozinha de um prédio para o outro nesse campus enorme pode ser muito perigoso. O mato está enorme, não há iluminação”, disse. “Nós do [curso de] Direito estamos apoiando a luta das meninas que exigem a punição dos culpados. Graças a elas estamos conhecendo mais e mais casos. É preciso punir, não basta acolher. A universidade sequer abre sindicância, principalmente se for contra aluno ou professor”.

A UFRRJ reconheceu, em nota, que existem problemas de segurança no campus Seropédica, ao ressaltar que este é o segundo maior campus do Brasil, com cerca de 3 mil hectares (um hectare equivale, aproximadamente, ao tamanho de um campo de futebol), depois da Universidade Federal do Amazonas.

A instituição pediu desculpas às estudantes e vítimas de violência e garantiu que serão instaurados comissões de sindicância e processos administrativos disciplinares para a apuração imediata das ocorrências que forem encaminhadas oficialmente ao seu conhecimento.

Sobre as providências tomadas pela Administração Central em relação ao caso de violência sexual ocorrido em março, a nota informou que foi aberto processo administrativo e disciplinar, designando uma comissão de servidores para apurar os fatos. “Ao término dos trabalhos desta comissão, a Proaes [Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis] adotará todas as providências previstas no Regimento Geral e no Código Disciplinar desta universidade, com a aplicação integral das sanções recomendadas”, diz a nota da UFRRJ.

A universidade tem 18 mil alunos, sendo 15 mil presenciais divididos em três campus: Três Rios, Nova Iguaçu e Seropédica. Três mil estudam no regime de ensino à distância.


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