Ativistas palestinos detidos em manifestação contra-imigração já estão em liberdade

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Os ativistas pró-imigração Hasan Zarif, Nour Al Sayed e dois brasileiros foram após entrarem em confusão em manifestação contra a nova Lei de Migração. Foto: Reprodução

Os dois palestinos e dois brasileiros que foram presos na noite da última terça- feira (2) na Avenida Paulista, logo depois de um confronto com os Movimentos Direita São Paulo e Juntos pelo Brasil, que se manifestavam contra a nova Lei de Migração, participaram de uma audiência de custódia na tarde de quarta-feira (3) no Fórum da Barra Funda e já estão em liberdade.

O brasileiro-palestino Hasan Zarif, dono no restaurante Al Janiah e militante do coletivo Palestina pra Tod@s, estava na Avenida Paulista junto de Nour AlSayed , sírio de etnia palestina e dos estudantes brasileiros Roberto Freitas e Nykolas Silva.

Não se sabe como começou, mas houve confronto entre os dois grupos, e uma explosão. Segundo o boletim de ocorrência, os manifestantes, pertencentes a grupos de extrema-direita, acusam os quatro detidos de terem lançado uma bomba contra o protesto, ferindo um militante. Segundo a Polícia, os quatro manifestantes favoráveis à Lei de Migração foram presos em flagrante pelos crimes de explosão, lesão corporal, associação criminosa e resistência durante confronto em manifestação.

Essa versão é contestada pela defesa. Brasileiros conversou no Fórum da Barra Funda com o advogado de defesa, Hugo Albuquerque, que afirmou que os quatro detidos passavam pela Paulista, indo em direção ao restaurante na Bela Vista, quando os manifestantes anti-imigração, que pediam que a lei fosse revista, porque, segundo os manifestantes, facilita a entrada de imigrantes no Brasil, gritaram ofensas xenófobas e agrediram eles com socos e pontapés.

“Eram 50 pessoas, eles eram quatro. O boletim de ocorrência é totalmente parcial. É como se eles tivessem atacado, não tivessem sido atacados e não tivessem sido feridos”, explica. Os quatro foram detidos pela Polícia Militar e levados para o 78º DP, nos Jardins. Nenhum manifestante anti-imigração foi preso.

Dezenas de pessoas foram à delegacia para dar apoio aos imigrantes. Mesmo feridos, os quatro não foram encaminhados para atendimento e tiveram acesso aos advogados só três horas após entrarem na delegacia, depois de intervenção da OAB, contou Hugo.

Na Audiência de Custódia, Hasam e Nour tiveram relaxamento de flagrante e foram liberados dos crimes de associação criminosa e resistência. No entanto, a polícia apura a participação deles na explosão e lesão corporal, por considerar que há indícios suficientes de que eles explodiram um arterfato, conforme aponta o boletim de ocorrência.  Os dois negam as acusações.

Eles precisarão cumprir medidas cautelares, que incluem ter que se apresentar à Justiça mensalmente, não participar de manifestações relacionadas à Lei de Migração, não se aproximar de outras partes do processo e não se ausentar de São Paulo por mais de 15 dias. Roberto Freitas e Nykolas Silva tiveram o chamado relaxamento total de flagrante, o que significa que não tem o que responder à Justiça.

Segundo Hugo, os quatro vão passar por exame de corpo de delito para comprovar as agressões sofridas no episódio. “[O objetivo é] demonstrar que eles foram vítimas de um linchamento. Foram atacados naquela ocasião, como também nas redes sociais por grupos que proferem agressões xenofóbicas”, contou o advogado ao final da audiência de custódia que também confirmou que vai estudar processar os agressores de seus defendidos.

Vídeos publicados na página do Facebook do Direita São Paulo mostram a Polícia Militar agindo contra os pró-imigração. Segundo o ouvidor das polícias, Júlio César Fernandes, há denúncias de abusos cometidos pelos policiais militares, que fizeram as detenções, e pela Polícia Civil. Os quatro passaram a noite presos no 78º Distrito Policial, no Jardim América, zona oeste paulistana. “As denúncias são de que aconteceram arbitrariedades, irregularidades. Isso, a ouvidoria vai tomar ciência da realidade e encaminhar para os órgãos corregedores e se necessário para o próprio Ministério Público”, disse o ouvidor.

A jornalista Soraya Misleh, do Instituto de Cultura Árabe, esteve no Fórum para prestar solidariedade aos detidos e declarou estar preocupada com esse tipo de manifestação anti-imigração, tanto nas ruas quanto nas redes sociais. O fato de as pessoas estarem se sentindo à vontade para expor seus pensamentos racistas e xenófobos tranquilamente é “muito grave”.

Lei de Migração

O projeto aprovado pelo Senado em abril estabelece os direitos e deveres do imigrante e do visitante, regula a sua entrada e estada no Brasil e estabelece princípios e diretrizes sobre as políticas públicas para essa população.

Entre os princípios da nova Lei de Migração, está a garantia ao imigrante da condição de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade e o acesso aos serviços públicos de saúde e educação, bem como registro da documentação que permite ingresso no mercado de trabalho e direito à previdência social. Ao imigrante também será permitido exercer cargo, emprego e função pública, conforme definido em edital, excetuados aqueles reservados para brasileiro nato

*Com reportagem de Laíssa Barros
**Colaborou: Agência Brasil e Jamyle Rkain


Comentários

Uma resposta para “Ativistas palestinos detidos em manifestação contra-imigração já estão em liberdade”

  1. Avatar de Alexandre Sousa
    Alexandre Sousa

    Até no brasil esses palestinos estão pondo as mangas de fora. Com todos os nossos problemas de desemprego, alta natalidade ainda querem que o brasil receba imigrantes e refugiados e logo de onde. Sou contra esses muçulmanos que estupram nossas mulheres como forma de limpeza etnica.

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