Ato em favor da legalização da maconha lota o vão-livre do Masp

Manifestantes pedem o fim da guerra às drogas. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Manifestantes pedem o fim da guerra às drogas. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A Avenida Paulista voltou a ser tomada na tarde de sábado por manifestantes, mas desta vez o tema foi a defesa pela legalização da maconha, ato que ocorre pelo sexto ano seguido. O tema deste sábado foi “Fogo na Bomba. Paz na Quebrada”. Os ativistas iniciaram, por volta das 16h30, a marcha em direção à Praça Roosevelt, no centro da cidade de São Paulo, depois de uma concentração no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

O trânsito de veículos foi no sentido Paraíso-Consolação, pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Três viaturas da Polícia Militar estavam estacionadas em uma das calçadas, mas o acompanhamento policial foi feito à distância sem qualquer incidente até as 17h30.

Muitos participantes usavam camisetas estampadas com o desenho da planta Cannabis sativa de onde se extrai a maconha. Também exibiam faixas e cartazes com dizeres como “Legalização já” ou “Amor, paz e sem guerra e sem forme. Sim a união dos homens”.

Durante a marcha, houve uma pausa na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta, onde todos se sentaram no asfalto e, acenderam, simultaneamente, um “baseado”, como os usuários denominam o cigarro feito a base da erva.

Rafael Presto, membro da organização Coletivo Desentorpecendo a Razão, uma das entidades organizadora do ato, disse que a marcha da maconha caminha rumo à conquista de seu propósito de debater a legalização da droga. “É um começo de debate, de se pensar uma outra política, e o fim da guerra às drogas, que é uma politica fracassada. A própria ONU [Organização das Nações Unidas] já declarou isso, e a marcha está ai para escancarar essa hipocrisia”, afirmou.

Em defesa da causa, Presto afirmou que “dentro de uma escala de todas as drogas, a maconha é quilometricamente, uma droga menos nociva”. Para ele, a lógica de proibir para inibir não tem fundamento e só escamoteia grupos que ganham muito dinheiro em cima desse conceito.

“Mesmo não sendo usuário da erva, eu considero essa uma pauta política fundamental para a gente se engajar”, defendeu o professor de educação, Paulo Augusto Júnior, de 36 anos. Ele fez questão de estar no ato para apoiar o movimento pela legalização da droga, justificando que o fato de ser favorável a que se tire esse tema da clandestinidade, não significa a intenção de estar se estimulando a disseminação do uso.

Para o professor, a sociedade tem de refletir sobre o que existe por trás da criminalização, envolvendo questões como de saúde pública e da corrupção policial. Além da legalização, ele acha que deveria ser adotada uma campanha educacional voltada para os jovens.

Em meio aos ativistas, durante a concentração no vão-livre do Masp, estavam cerca de 30 pesquisadores de um levantamento do perfil de manifestantes em um trabalho conjunto da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Entre eles, a estudante de filosofia da Unifesp, do campus de Guarulhos, Maria Rita Castro, de 22 anos. Segundo ela, o questionário com 36 perguntas também foi aplicado em outras manifestações como as que ocorreram, recentemente, também na Avenida Paulista, tanto a favor da aprovação quanto contra ao processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.


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