Segundo informações do Estado de S. Paulo, o Ministério Público da Suíça abriu uma ação criminal contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depois de receber um informe do banco utilizado pelo parlamentar no país indicando uma suspeita de lavagem de dinheiro. Em um comunicado oficial divulgado nesta quinta-feira (1º), a Suíça confirmou que congelou os ativos e recursos de Eduardo Cunha em várias contas e que o deputado está sendo investigado desde abril.
“O escritório do procurador-geral da Suíça confirma que abriu um processo criminal contra Eduardo Cunha sob a base de suspeita de lavagem de dinheiro, ampliando em sequência para corrupção passiva”, disse o Ministério Público suíço. “Em abril de 2015, a Procuradoria recebeu um informe de lavagem de dinheiro por um banco suíço”, informou o escritório do procurador Michael Lauber. O país europeu está investigando pagamentos relacionados à Petrobras desde março de 2014, e pediu para que bancos entregassem à Justiça detalhes sobre diversas contas. Até o momento, mais de 300 contas já foram identificadas e bloqueadas.
Com relação à conta de Eduardo Cunha, a confirmação de sua investigação foi feita através do informe de um banco, que não foi revelado, para o Ministério Público. Segundo a nota divulgada pela Suíça, o banco encontrou divergências entre a renda declarada do parlamentar e os valores transferidos, e constatou que parte dos depósitos vinha de contas que já estavam sendo rastreadas pelas autoridades.
Em função de uma forte pressão da Justiça do país, mais de 30 bancos suíços estão colaborando com o caso desde 2014, entre eles o HSBC, Pictet, Cramer, entre outros. A Suíça também já indicou que vai transferir a investigação de Cunha para o Brasil, já que seria impossível pedir uma extradição do presidente da Câmara.
Um outro ponto vinculado à investigação de Cunha é a pista dada por operadores do esquema da Petrobras. A Suíça abriu recentemente inquéritos criminais contra os lobistas Fernando Soares, o Baiano, e João Augusto Henriques, considerados os operadores do PMDB. De acordo com as autoridades suíças, o foco da investigação seria Eduardo Cunha, já que tanto Baiano quanto Henriques mencionaram o presidente da Câmara.
Delatores comprometem Cunha na Lava Jato
Fernando Baiano, operador do PMDB no esquema, fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal e reforçou o relato de outro delator, Júlio Camargo, lobista da Toyo Setal, que disse que Eduardo Cunha recebeu pelo menos US$ 5 milhões por contratos de aluguel de navios-sonda da Petrobras. O parlamentar já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por lavagem de dinheiro e corrupção.
Já João Augusto Henriques, também preso, contou, em delação, como eram as indicações da Diretoria Internacional da Petrobras, que era controlada politicamente pelo PMDB, de acordo com a força-tarefa da operação. Henriques ainda afirmou à Polícia Federal que abriu uma conta na Suíça para pagar propina a Eduardo Cunha, esta, segundo ele, referente à compra de um campo de exploração em Benin, na África.
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