O Carnaval deste ano não será marcado só por temas de festas. Bloquinhos de rua em São Paulo e no Rio de Janeiro aproveitam o momento para discutir temas recorrentes na sociedade. Por meio de músicas e fantasias os grupos pregam a diversidade e denunciam problemas sociais.
São Paulo
O Bloco dos Bancários saiu pelas ruas do centro da capital paulista levando aos foliões o tema da diversidade. O desfile, que faz parte da programação oficial do carnaval de rua da cidade, foi puxado pela Banda Alegria.
Seguidores do bloco lembraram que, ao longo do tempo, mulheres sofreram abusos, pelo simples fato de serem mulheres; pessoas com orientação sexual diferente da maioria foram queimadas, negros, vendidos como escravos e tribos indígenas, exterminadas. O tempo passou, mas muitas cenas de violações dos direitos humanos como essas ainda ocorrem mundo afora, marcadas pela intolerância, acrescentaram os foliões.
O bloco, em contrapartida, veio celebrar o respeito e procurou mostrar que a diversidade pode alegrar e enriquecer a vida: “é o carnaval de todas as cores, porque somos de várias cores, credos, temos diferentes opções, não somos iguais, mas temos todos o mesmo direito ao respeito”, disse a presidenta do Sindicato dos bancários, Juvandia Moreira. Segundo Juvandia, educar para a diversidade é “formar cidadãos com visão ampla para o mundo, sabendo conviver com diversas realidades, feliz com as diferenças”.
Também saíram no bloco membros da Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência dos Funcionários do Banco do Brasil (Apabb). A presidenta da Apabb, Sandra Miranda, ressaltou que o bloco deste ano fala sobre a diversidade, a convivência e a tolerância, o que faz com que a presença dessas pessoas seja muito adequada.
Rio de Janeiro: Ocupa Carnaval
No Rio de Janeiro, temas como Corrupção, problemas no transporte público, violência policial e a Olimpíadas serão protagonistas de marchinhas de carnaval. Em forma de paródia, as músicas vão ser cantadas por 30 blocos de rua que aderiram à campanha Ocupa Carnaval. Criada por grupos de artistas, ativistas e movimentos sociais, as marchinhas criticam, de forma irreverente, problemas do país e da cidade, que passa por intervenções controversas para receber os Jogos Olímpicos em agosto.
Elaboradas de maneira colaborativa, em reuniões abertas, as marchinhas farão parte do repertório de blocos tradicionais como a Orquestra Voadora, o Céu na Terra, o Boi Tolo e de blocos criados para protestar, como o Planta na Mente, que defende a legalização das drogas, e o Mulheres Rodadas, em favor da liberdade e autonomia das mulheres. A campanha inclui ainda adesivos, vídeos nas redes sociais e uma alegoria-símbolo em referência à tocha olímpica, que circulará pelo carnaval de rua.
A jornalista e compositora do Ocupa Carnaval, Manuela Trindade esclarece que os temas escolhidos levam em consideração problemas nacionais e dialogam com a realidade de outras cidades. “A violência policial, a violência contra a mulher, a falta de transporte são questões muito presentes no Rio, mas que não são exclusivas”, disse ela, que espera contagiar turistas nos cortejos.
Deixe um comentário