Comissão da Verdade vai pedir segurança para a viúva de Malhães

Segundo o jornal O Dia, pouco antes de morrer, Paulo Malhães – coronel militar que participou da tortura a presos políticos durante a ditadura – admitiu à sua mulher, Cristina Malhães, que os restos mortais de Paiva foram atirados em um rio.

Em março, ele negou em depoimento prestado à Comissão da Verdade que tivesse trabalhado na missão que ocultou o cadáver do deputado federal Rubens Paiva. Mas em entrevista ao jornal, a viúva contou que perguntou ao coronel: “Aquilo que você disse sobre desenterrar o corpo do Rubens Paiva, era mentira ou verdade?”  E Malhães respondeu: “Era mentira. Eu fiz.” 

Cristina diz que o marido não acreditava em represálias e que também achava possível que, no futuro, ele voltasse a esclarecer o caso. 

Membros de comissões da Verdade nacional e do Rio suspeitam da morte do coronel ser “queima de arquivo” e a revelação da viúva constará no relatório final da CNV. Para a advogada Rosa Cardoso, membro da CNV que tomou o depoimento do coronel, o esclarecimento prestado por Cristina é importante para o avanço no caso. “É muito importante porque desfaz a névoa que o coronel quis lançar à comissão, quando resolveu voltar atrás dizendo que não tinha cumprido a missão (dada a ele por oficiais do gabinete do então ministro do Exército Orlando Geisel, em 1973)”, afirmou Rosa.

A morte do coronel        

No início do mês, foi revelado que entre os objetos roubados da casa do coronel reformado, no assalto que terminou com a morte dele no dia 24, está o disco rígido um dos dois computadores que o militar usava. O restante da máquina continua na casa do sítio de Marapicu, em Nova Iguaçu. O escritório e um quarto onde ele guardava filmes e documentos está com pastas e papéis espalhados por todos os cantos. Do escritório, foram furtadas três pastas de documentos.

O presidente da Comissão da Verdade do Rio, Wadih Damous, disse que vai pedir proteção à viúva, para que ela possa prestar um depoimento sobre o caso no futuro. A Comissão Nacional da Verdade também manifestou a mesma intenção, mas disse que quer respeitar o período de luto da viúva primeiro.

O caseiro

A mulher do caseiro Rogério Pires, 27, supostamente envolvido na morte de Malhães não consegue localizar o marido e nem obter informações por parte da Polícia Civil do Rio, segundo jornal Folha de S.Paulo.

Marcilene dos Santos, 21, e Helenice dos Santos, 55, sogra de Pires, se dizem desamparadas por parte do poder público e não acreditam que Pires tenha participado do crime. Segundo relato ao jornal, Marcilene afirma que a última vez que falou com Rogério foi quando a Polícia esteve em sua casa para levá-lo a depor. O caseiro está em uma cela da Divisão Antissequestro da Polícia Civil, no Leblon, zona sul do Rio. 

O titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, Pedro Henrique Medina, disse que a participação do caseiro no crime “é irrefutável”. A polícia acredita em caso de latrocínio (roubo seguido de morte). “O que eu posso falar, sobre o teor do depoimento dele, é que ele tem envolvimento no crime”, afirmou o delegado.


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