Hoje exercendo papel de destaque na economia global, o Brasil vive momento de expectativa e, principalmente, de muito debate para que se entenda onde estão os pontos fortes e se ache onde precisamos investir para responder a expectativa de crescimento esperada. Para promover a discussão, a Brasileiros apresentou, nessa sexta-feira, 12 de abril, mais uma edição de série Seminários Brasileiros, dessa vez com o tema Rumos da Economia – Nosso Modelo de Crescimento.
[nggallery id=16138]
A primeira mesa do dia, que teve como tema Como Despertar a Indústria para um Novo Ciclo de Desenvolvimento, começou em alto nível, com opiniões distintas dos mais variados profissionais do setor.
Quem abriu foi José Augusto Coelho Fernandes, diretor de Políticas e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria e presidente da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior – FUNCEX. O empresário foi direto, abriu falando que a questão da indústria brasileira, que fechou 2012 em baixa, está atrelada a falta de investimento e ao já tão falado Custo Brasil, que envolve todas as questões negativas, estruturais e burocráticas, que afastam o investidor. “O Brasil recentemente perdeu uma fábrica da Volvo (montadora de automóveis sueca) para a Bielorrusia. É lógico que temos mais condições que a Bielorrusia, porém, nossa burocracia assusta”, exemplificou. Fernandes também apontou o custo do trabalho na indústria, que dobrou de 2004 para cá, e a valorização do cambio, outros dois importantes fatores para a falta de investimento na área. Para ele, o processo de recuperação industrial a curto prazo depende principalmente do investimento.
Quem falou na sequencia foi Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores. Indo um pouco contra a visão do primeiro palestrante, Borges discordou que o investimento no Brasil não esteja acontecendo e desmentiu a crença de que o consumo esteja carregando nossa economia nas costas. “O consumo representa 67% do total e o investimento está perto dos 20%, mas os dois setores cresceram nos últimos 10 anos”, apontou. Na opinião do economista, a questão que atrasa nossa industria é estrutural, e a ajuda do setor privado e do mercado de capitais é fundamental. Resumindo sua fala, ele apontou um dado desconhecido por boa parte dos presentes para provar a deficiência estrutural do País. “A autossuficiência de petróleo do Brasil é uma mentira, importamos muito, 20% de nosso total, já que não temos capacidade de refinar tudo o que produzimos”, revelou.
O terceiro palestrante foi o assessor da presidência do BNDES David Kupfer, que reiterou a visão dos dois primeiros palestrantes, opinando que as duas palestras, em sua visão, se complementam. Ele começou tocando no ponto da competitividade, como tornar o Brasil atraente em termos de investimento, como não afastar os interessados. Para Kupfer, vivendo momento crucial na história do Brasil, é preciso, mais que reestruturar a industria, na opinião dele, o caminho e dar espaço para que se de lugar a uma “nova indústria”. “Estamos melhores, industrialmente falando, que 20 anos atrás, porém, perdemos espaço por conta do crescimento estrutural dos países asiáticos”, ponderou. Kupfer também reiterou a importância da inovação nessa mudança estrutural.
O último palestrante, Manolo Canosa, sócio-fundador da Comissão de Defesa da Indústria Brasileira (CDIB), não concordou totalmente com seus colegas e disse acreditar que a indústria brasileira não precisa de reestruturação. “A indústria não precisa nascer, não temos que fazer uma nova indústria… Pelo contrario, nossa indústria está muito atualizada, só precisamos nos tornar competitivos”, colocou ele. Canosa focou sua fala no Custo Brasil, que para ele, é o principal responsável pelo resultado negativo do setor no ano passado. “Países com a mesma carga tributária que o Brasil, tem um rendimento per capta muito superior, nós gastamos muito dinheiro com a nossa carga tributária. A tributação e burocracia acaba sendo determinante no Custo Brasil”, terminou ele.
Deixe um comentário