Além da dura realidade de encarar um processo de impeachment, a presidenta Dilma Roussef sofre pressão até mesmo do próprio partido. A cúpula petista pede à Dilma uma guinada à esquerda neste novo ano de governo, e, para isso, quer que a presidenta escreva uma “Carta ao Povo Brasileiro”, em uma versão atualizada do texto escrito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha eleitoral de 2002, indicando um novo rumo para o governo.
Trata-se de uma “Carta ao Povo Brasileiro” às avessas, afirma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Se naquela oportunidade Lula tentava atrair a simpatia do mercado financeiro, agora a carta – exigida pela cúpula do partido – seria uma satisfação aos eleitores da presidenta, que cobram do governo as promessas feitas na campanha eleitoral e que não foram cumpridas no primeiro mandato.
O PT pediria ainda que o governo use US$ 130 bilhões das reservas internacionais, de US$ 370 bilhões, para aquecer a economia. Além de recuperar apoio popular contra a ameaça do impeachment – que será julgado em fevereiro – a guinada para a esquerda pode auxiliar o desgastado partido nas eleições municipais deste ano, avaliam os petistas.
E o governo parece disposto a atender a parte dos apelos. Embora a carta possa nem sair do papel, Dilma vem tomando medidas progressistas desde o final do ano. Uma delas foi a chegada do novo Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, cuja missão será continuar com o ajuste fiscal iniciado pelo ortodoxo Joaquim Levy, mas de forma moderada. Ele também precisará fomentar o setor da construção civil em um plano já é tratado como o “novo PAC” nos corredores do Planalto.
O governo também pretende lançar um plano para conter a alta do desemprego e traça estratégias para se reaproximar da população e aumentar sua base de apoio. A presidenta tenta passar a imagem de que está disposta a dialogar com diversos segmentos da sociedade, e para isso deve retomar o funcionamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, mais conhecido como Conselhão.
O governo também pretende anunciar novas medidas econômicas antes do Carnaval para mostrar que Dilma está trabalhando pela retomada do crescimento no País além de tentar contornar a desconfiança do empresariado.
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