A falta de mulheres na equipe ministerial do presidente interino Michel Temer reacendeu um barril de pólvora: a demanda por representatividade feminina em cargos de liderança. A repercussão após a nomeação dos homens que comandariam os ministérios veio como uma avalanche. E não é para menos: de acordo com pesquisa da ONU Mulheres no Brasil, feita em parceria com a Organização Internacional do Trabalho, existe uma persistente ocultação de mulheres e negros em postos de chefia no País. Pior: a maioria das principais empresas brasileiras não promove ações afirmativas para reverter essa tendência.
O estudo revela, por exemplo, que as mulheres levam vantagem em relação aos homens apenas no contingente de cargos de baixo escalão, como aprendizes e estagiários, com participação de 58,9% e 55,9%, respectivamente.
Mas elas perdem espaço já a partir dos trainees, com 42,6%. Nos níveis superiores seguintes, elas estão ainda menos presentes, com porcentagens de 35,5% no quadro funcional, 38,8% na supervisão, 31,3% na gerência, 13,6% no quadro executivo e 11% no conselho de administração.
Segundo a coach executiva e professora convidada da Fundação Dom Cabral, Eva Hirsch Pontes, muitas empresas mantêm uma cultura que prioriza um modelo de liderança masculino, impossibilitando o acesso das mulheres a cargos de liderança.
Em alguns casos, mesmo implementando programas que reduzam a desigualdade de gêneros, os próprios funcionários não valorizam essas iniciativas. De acordo com Eva, a cultura corporativa tem papel crucial para desenvolver a diversidade entre homens e mulheres e estimular a confiança do sexo feminino para alcançar seus objetivos na carreira.
O empreendedor digital Celso Fortes concorda. Diretor executivo da agência Novos Elementos, o empresário afirma que trabalhar com mulheres faz bem aos negócios, principalmente pela habilidade de diálogo e análise criteriosa dos serviços que elas são capazes de entregar. Na empresa dele, por exemplo, a palavra de ordem é contratar mulheres. “Não é à toa que contamos com 15 mulheres e apenas seis homens em nosso quadro de colaboradores. Além disso, somente uma das nossas gerências (programação) é liderada por um homem, as outras duas (financeiro e projetos) são comandadas por elas”. afirma.
A medida parece dar resultado. Em dez anos de mercado, a agência cresceu de apenas sete clientes para mais de 800 projetos realizados para clientes do mercado de saúde e entretenimento. O empreendedor acredita que os resultados falam por si. “Sem dúvida a liderança exercida pelas mulheres foi responsável por este avanço. Sem a chefia delas, a agência não teria alcançado o patamar que conquistamos atualmente” conclui.
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