De “patinho feio” dos Brics a protagonista entre os emergentes

O Brasil deixou de ser o “patinho feio” dos Brics (grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para integrar o time dos “emergentes dinâmicos”. As expressões, do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ilustram a mudança na posição do Brasil no cenário internacional.

Em apresentação feita no seminário Rumos da Economia Brasileira, Mantega mostra os indicadores mais importantes da economia brasileira e a sua relação com os resultados que vêm sendo conquistados pelos países mais estratégicos. Na avaliação do ministro, o crescimento do País é sustentável no longo prazo porque está baseado na solidez do mercado interno e na elevada taxa de investimentos. Além disso, não provoca desequilíbrios macroeconômicos.

GUIDO MANTEGA Ministro da Fazenda desde 2006. Foi ministro do Planejamento (2003-2004) e presidente do BNDES (2004-2006). É professor de Economia, licenciado, da FGV-SP. Formado em Economia e doutor em Sociologia do Desenvolvimento pela USP, com especialização no IDS da Universidade de Sussex, Inglaterra (1977). Foi professor de Economia (mestrado e doutorado) da PUC-SP (1982-1987), vice-reitor adjunto da PUC-SP (1984-1987), e diretor de Orçamento do Município de São Paulo (1989-1992). Foi um dos coordenadores do Programa Econômico do PT na campanha de 2002, membro da coordenação do Programa Econômico, campanhas de 1984, 1989 e 1998, e assessor econômico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (1993-2002). Tem vários livros publicados.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer 4,5% em 2011, desempenho que mantém o País no grupo dos países de crescimento mais acentuado e formado essencialmente pelos emergentes. A demanda interna deve aumentar 5,9% e “continuará impulsionando a economia”, prevê Mantega. Neste ano, os Estados Unidos tendem a crescer 3,3%, enquanto os países mais desenvolvidos da Europa podem apresentar desempenho ainda mais modesto ou até mesmo negativo.

“Está ocorrendo uma grande mudança no quadro da economia internacional, com os emergentes tomando a dianteira do crescimento mundial. Essa configuração está se consolidando”, afirma o ministro.

 

Enfrentando a crise

Para manter a sua política de desenvolvimento sustentável no longo prazo e evitar que impactos da crise externa prejudicassem a estabilidade interna, o governo tomou decisões importantes no primeiro trimestre de 2011. Os investimentos foram mantidos mais houve um corte de R$ 50 bilhões em despesas públicas. “Tiramos o excesso de gastos do período anterior”, afirma o ministro. Entre as medidas tomadas, cita a reversão da política de estímulos à economia colocada em prática logo após a crise internacional de 2008 e a confirmação da proposta de elevar o salário mínimo para R$ 545, apesar das pressões políticas para que o valor fosse mais elevado.

O governo se propõe a aumentar a eficiência de seus gastos além de garantir a solidez e o controle fiscal. Com essas medidas, a sua meta é terminar 2011 com um superávit primário de 3% do PIB (ante 2,8% realizados em 2010) e reduzir o déficit para -1,7% (após registrar -2,6% em 2010). Se a projeção for comparada com o resultado esperado por outros países, o Brasil se mantém em uma situação confortável e encontra-se no grupo de nações que projeta um déficit de até 2%. Países desenvolvidos têm previsão bem mais elevada. Para os Estados Unidos, por exemplo, a taxa é de -8,3%. E o Japão, de -7,5%.

Investimentos são mantidos

As medidas restritivas adotadas não afetam os investimentos. Em 2010, o País apresentou um aumento re­corde em seus investimentos, com 21,9% de crescimento ante 2009, ano que havia registrado taxa negativa, de -10,4%. Em 2011, o crescimento deve ser, nas previsões do ministro Mantega, de 10% a 12%. Somente na carteira do Programa de Aceleração do Cres­cimento (PAC2) estão previstos investimentos de US$ 950 bilhões, sendo R$ 572 bilhões de 2011 a 2014, e o restante – correspondendo a R$ 378 bilhões – para ser realizado depois de 2014. O maior volume de recursos é destinado ao PAC Energia, com R$ 652 bilhões, seguido do Programa Minha Casa Minha Vida, com R$ 167 bilhões, e Transportes, com R$ 65 bilhões.

Os dados do governo mostram também que as empresas brasileiras estão capitalizadas, o que reduz a fragilidade do Brasil em relação às oscilações do mercado internacional. Um cálculo citado pelo ministro, feito com base no resultado de 168 empresas não financeiras, revela que seu lucro líquido subiu 34% em 2010, ante 2009. No mesmo período, elas apresentaram aumento de 19% em seu faturamento e de 46% no lucro operacional. Outra conta feita para comparar o crescimento médio dos ativos dos cinco maiores bancos dos Brics, no período entre 2005 e 2009, apresenta como resultado para as instituições brasileiras a notável taxa de 317%, seguido de Rússia, com 244%, China, 155% e Índia 100%. “Os bancos com maior volume de ativos são os chineses, somando US$ 7 trilhões, mas eles são, em sua quase totalidade, instituições estatais. No Brasil, cujos ativos dos bancos somam R$ 1,7 trilhão, cerca de 40% das instituições têm capital estatal”, ressalta o ministro. Para ele, esses indicadores dos setores financeiro e não financeiro reforçam o cenário sustentável de crescimento do Brasil.

Riscos da conjuntura internacional

As turbulências do cenário externo exigem atenção redobrada do governo e das empresas sobre seus indicadores, para evitar que o impacto negativo se alastre para a economia. Além da elevação dos preços das commodities agrícolas, a situação política nos países árabes tem pressionado o preço do petróleo, além de vários países europeus em grave crise fiscal e o Japão foi assolado pelo terremoto. A inflação tornou-se um fenômeno global. A previsão de baixa aceleração inflacionária no Brasil ou até uma desaceleração contrasta com o cenário majoritário de aceleração nos Estados Unidos, Europa, China, Austrália, Argentina e África do Sul, entre outros.

Na avaliação de Mantega, o Brasil é um dos países do mundo mais preparados para enfrentar uma crise de petróleo. Ele cita: autonomia na oferta; derivados importados de países mais estáveis politicamente; o Brasil como maior produtor mundial de etanol; ter mercado interno capaz de absorver choques de demanda externa; alta confiança internacional. Para o ministro, no médio prazo, o País pode até ser beneficiado pela elevação moderada das cotações de commodities e petróleo. Isso tende a ocorrer devido à produtividade crescente de bens agrícolas e pelo potencial da Petrobras, uma das companhias do setor que mais investem em todo o mundo.


Comentários

4 respostas para “De “patinho feio” dos Brics a protagonista entre os emergentes”

  1. Avatar de Alvaro Gabriel
    Alvaro Gabriel

    assunto interessante sobre os países emergentes

  2. Avatar de kerolen melville bacelar
    kerolen melville bacelar

    1989 qual a situaçao atual da bric?

    1. Avatar de Alvaro Gabriel
      Alvaro Gabriel

      hoje os países do Bric mantém uma estabilidade econômica as potências emergentes são Brasil Rússia Índia e China

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