Um dos símbolos da “gastança da Copa” de 2014, a Arena Corinthians custou R$ 1,08 bilhão. Imagine, então, o escândalo que seria se o dinheiro de 962 Itaquerões fossem gastos de forma imprudente pela União? R$ 962 bilhões é quanto gastou o Brasil em 2015 com o pagamento dos juros de sua dívida pública. A comparação foi feita pela advogada Carmen Cecilia Bressane, integrante da Auditoria Cidadã da Dívida, em um evento sobre economia e política no centro de São Paulo.
É como garantia do pagamento anual desses juros que o presidente interino, Michel Temer, vem defendendo a aprovação da PEC 241, que altera a Constituição ao permitir reduzir os gastos federais obrigatórios com Educação e Saúde.
De acordo com a especialista, o Brasil gasta R$ 2,6 bilhões por dia só com juros, o equivalente a duas arenas e meia por dia pagos ao mercado financeiro, um dos poucos setores a não sofrer com a crise econômica: R$ 80 bilhões em lucros no ano passado. “Deve ter alguma coisa errada. Em um país em que o comércio, serviço, indústria têm prejuízos, como os bancos lucram tanto? As propostas de ajuste fiscal são apenas para cortes no social. Então quer dizer que a saúde está bem e pode cortar investimentos?”, questiona a advogada.
A especialista garante que, embora economistas tradicionais defendam essa política econômica, “a divida pública brasileira é fruto de mecanismos contábeis muitas vezes ilegais que criam essa dívida sem nada de benefício social”, garante. “É por essa e para essa divida que a gente fica pagando. Cheia de ilegalidades, juros elevadíssimos e que tem consumido ano após ano quase metade do orçamento federal. São dois Itaquerões por dia. Que dívida é essa?”
Segundo a especialista, em 11 meses terminados em 31 de dezembro, a divida interna cresceu R$ 732 bilhões, “informação do Banco Central”. “Se a nossa divida cresceu isso em 2015, esse dinheiro entrou para o Brasil? Se entrou foi para onde? A divida pública brasileira não tem contrapartida na maioria das vezes. É um ralo por onde escorre quase metade do orçamento público.”
Brasil 2022
Bressane foi uma das participantes do seminário “Economia e política rumo ao Brasil 2022”, que propõe repensar o Brasil com vistas no bicentenário da Independência e dos cem anos da Semana de Arte. O encontro foi organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados.
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