Em decisão histórica, FAU da USP aprova o ingresso por cotas

Fachada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP - Foto: Foto: Marcos Santos/USP
Fachada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP – Foto: Foto: Marcos Santos/USP

A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP) decidiu aderir ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e suspender, em caráter temporário para o processo seletivo 2017, a prova de habilidades específicas exigida para o ingresso nos cursos. A decisão foi tomada pela Congregação da FAU.

No Sisu, serão oferecidas 30% das 190 vagas disponíveis nos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Design: todas elas são exclusivas para candidatos egressos de escola pública, das quais 15% reservadas para estudantes pretos, pardos e indígenas. Nas últimas semanas também aderiram ao Sisu a Escola Politécnica (Poli), que concentra cursos de Engenharia, a Faculdade de Economia e Administração (FEA) e a Escola de Comunicações e Artes (ECA), com 10%, 30% e 30% de vagas, respectivamente. Até o momento, a Poli é a única unidade da USP que não oferecerá nenhuma vaga por cotas.

Em relação à última edição do Sisu, até o momento, a USP oferecerá cerca de 35% mais vagas, somando 2.053. No ano passado, foram ofertadas 1.489 vagas, distribuídas em 140 cursos. Mas, devido às altas notas exigidas para alguns cursos, 11 cursos terminaram sem nenhum aprovado. Ao fim do processo, só 814 vagas (55% do total destinado) foram preenchidas pelo Sisu. O pró-reitor de graduação, professor Antonio Carlos Hernandes, disse que no próximo ano a nota mínima será menor.

Segundo a professora Raquel Rolnik, da FAU, um dos impedimentos para que a FAU adotasse o Sisu como forma de ingresso era “a existência da chamada prova de habilidades específicas, parte do vestibular organizada diretamente pela FAU e destinada historicamente para testar habilidades dos candidatos no campo do desenho e da representação espacial”.

Na decisão adotada na quinta-feira pela Congregação, por 24 votos a favor, 1 contra e 3 abstenções, “a FAU optou por suspender a aplicação dessa prova apenas para a próxima seleção e, até maio do ano  que vem, promover  discussões internas sobre a prova de habilidades específicas  e sua relação com o projeto político pedagógico da escola”, disse Rolnik. Segundo ela, “a decisão da FAU evidentemente não resolve a profunda desigualdade social e étnico-racial que marca nossa história, mas, sem dúvida, é um passo importantíssimo no enfrentamento da questão, pois reconhece a existência do problema e demonstra disposição em buscar soluções para enfrentá-lo por meio de políticas reparatórias de ação afirmativa. Sem dúvida, também, é uma decisão que reafirma o sentido da universidade verdadeiramente pública”.


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