O escritor Fernando Morais teve a página de Facebook bloqueada neste domingo (17), dia em que a Câmara dos Deputados vota o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Morais é filiado ao PMDB e milita contra o afastamento da petista.
A página estará suspensa e não poderá ter novos posts pelos próximos 30 dias. Segundo mensagem do escritor enviada ao jornalista Florestan Fernandes, ele foi “punido por denúncias de publicações de imagens imorais”.
O jornalista Bruno Torturra, contrário ao impeachment de Dilma, também teve sua página suspensa, por “suspeita de ser uma conta falsa”, mas foi liberada no mesmo dia. “Menos de duas horas depois de ter postado um comentário sobre o dia de hoje minha conta foi bloqueada. A suspeita era a de que tratava-se de uma conta fake. Não fui consultado previamente. Entendo que o Facebook não tome decisões individualmente nesses casos. São algorítmos que, por conta de denúncias sucessivas, suspendem a conta até que a situação seja esclarecida. Acho um erro. Sem a chance de defesa prévia, essa dinâmica protege caluniadores, linchadores e robôs que querem intimidar e calar opositores. Mais justo seria se, após o esclarecimento, os denunciadores desonestos fossem excluídos da rede”, escreveu o jornalista no Facebook.
Rogério Sottili, que assumiu a Secretaria Especial de Direitos Humanos, pasta vinculada ao Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, se manifestou para condenar a “censura” imposta pela rede social. Segue abaixo o post na íntegra:
“Hoje, o escritor, amigo e querido, Fenando Morais chegou à marca de 45 mil seguidores no Facebook. Infelizmente também hoje ele teve sua conta bloqueada pelo próprio Facebook. Entramos em contato com o Facebook, cuja equipe no Brasil que prontamente nos respondeu relatando que ele havia sido suspenso por motivos que a privacidade do processo não lhes permitiria divulgar.
Não poderia deixar de me manifestar contra essa arbitrariedade e a seletividade nas redes que, dessa vez, tem Fernando Morais, e um post seu contra Cunha, classificado como “ofensivo”. O Facebook, por isso, lhe deu “30 dias de suspensão”.
Espanta, em verdade, que tantas outras violações nessa rede como discursos de ódio contra populações LGBT, pedidos de golpe e intervenção militar, morte a comunistas, ameaças de morte a feministas, entre tantas outras barbaridades não sejam tão rapidamente coibidas quanto uma postagem contra Eduardo Cunha, chefe da quadrilha do Golpe à Democracia.
Soube há pouco que a página do Bruno Torturra também foi bloqueada. Como isso pode ser interpretado na conjuntura de hoje? Esse cerceamento de liberdades, da liberdade de expressão, das vozes democráticas e progressistas nas redes serve a quem? Fernando Morais é um dos escritores e jornalistas mais reconhecidos do país. Um exímio democrata. Bruno Torturra, um dos comunicadores da nova geração de maior audiência nas redes. Que censura é essa?
Manifesto meu mais profundo repúdio ao cerceamento das liberdades democráticas e da liberdade de expressão. Hoje é com figuras de destaque, mas nós sabemos que essas censuras são diárias, e andam servindo a um lado. De onde vem o Golpe? E com quem os golpistas contam? A época da censura nos custou muito. Ela não pode voltar, de nenhuma forma.
Precisamos nos manifestar em solidariedade a Fernando e Bruno. Pela Democracia! Queremos a volta de suas páginas às redes imediatamente!”
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