Ex-ministro da Previdência sobre reforma de Temer: “O maior ataque é às mulheres”

Foto: EBC
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Ministro da Previdência da ex-presidenta Dilma Rousseff, Carlos Gabas criticou a reforma da Previdência anunciada pelo governo de Michel Temer. “É um saco sem fundo de maldades”, diz em vídeo gravado com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Gabas ressaltou a falta de discussão com a sociedade ao formular a reforma e diz que é “uma mentira que a Previdência está quebrada”: “Num momento de crise, você não faz uma reforma como essa, retirando direitos com o objetivo de equilibrar as contas. Primeiro porque não equilibra as contas, está errado. Depois porque não temos um descontrole nas despesas da Previdência, elas se mantém estáveis. De 2014 para 2015, tivemos uma queda. O problema do déficit é queda de arrecadação porque temos uma crise econômica. Só vamos conseguir equilibrar quando tivermos crescimento econômico e por isso digo não à PEC 55 e ao congelamento de despesas. O País precisa voltar a investir, gerar renda. Por que tínhamos superávit ate 2014 e de repente esse déficit? Não teve descontrole de despesa, é queda de arrecadação. Não pode colocar essa conta nas costas do trabalhador”.

Para o ex-ministro, o mais grave da reforma anunciada pelo governo é a igualdade de tratamento entre homens e mulheres. “A mulher tem muito mais responsabilidade em casa, discriminação no trabalho, na renda. Todos os artigos da Constituição que dizem respeito ao tema protegem a mulher, dão a condição especial a ela. As mulheres sofrerão muito mais do que os homens se essa reforma passar”.

Gabas elenca outras “maldades”: “Pouca gente percebeu que as pensões se desvinculam ao salário mínimo. O rural, por exemplo, acaba o assegurado especial. Hoje os assegurados especiais são mais de 9 milhões de trabalhadores que comprovam o trabalho rural em regime de economia familiar, em propriedade de até 4 módulos fiscais, e produzem mais de 70% do nosso alimento. A importância da produção desse segmento é enorme. Contribuem com a comercialização da produção e na maioria das vezes é comprada por atravessadores, então a produção deles é tributada, contribuem por substituição tributaria. Maldade comparar ele ao trabalhador urbano, que tem folha de salários. Agora o rural só vai se aposentar se ele fizer uma contribuição mensal e ainda vão se igualar nas idades, sendo que homem do campo começa a trabalhar muito mais cedo. A ideia deles é acabar com a aposentadoria rural. O ataque a eles é um ataque ao nosso alimento”.

O ex-ministro também falou sobre a desvinculação do BPC (Benefício de Prestação Continuada) do salário mínimo, transferido a idosos e a pessoas com deficiência, com renda familiar per capita inferior a um quarto de salário mínimo: “Do ponto de vista humanista, você está agredindo as pessoas que mais precisam. E do ponto de vista econômico, é um ataque também porque esse dinheiro que vai para famílias mais pobres é dinheiro na veia na economia. Beneficiário do BPC não vai fazer aplicação na poupança, CDI, ele aplica no supermercado, farmácia, comércio de roupas, calçados, 100% girando a economia. O País precisa movimentar a economia e não estagnar”.


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