Fazendeiros fazem emboscada a indígenas e matam um Guarani-kaiowá no Mato Grosso do Sul

Grupo de indígenas Guarani-Kaiowa protesta por  demarcação de terras - Foto: Fotos Públicas
Grupo de indígenas Guarani-Kaiowa protesta por demarcação de terras – Foto: Fotos Públicas


Um indígena Guarani-Kaiowá foi morto a tiros na terça-feira (14) em Mato Grosso do Sul após uma emboscada de 70 fazendeiros que atacaram os indígenas a tiros na Fazenda Yvu, vizinha à reserva Tey’i Kue, no município de Caarapó (MS). A acusão é do Instituto Socioambiental (ISA) e do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). 

O Guarani-Kaiowá e agente de saúde indígena Cloudione Rodrigues Souza, 26 anos, é a vítima. Pelo menos seis indígenas foram hospitalizados com ferimentos de arma de fogo, inclusive uma criança de 12 anos. De acordo com relatos obtidos pelas duas entidades, os fazendeiros se aproximaram com caminhonetes, motocicletas e um trator e atiraram. Fugindo dos tiros, os indígenas correram para dentro da reserva e áreas próximas.

Demarcação

“A gente foi empurrado de volta pra aldeia. Eles continuaram atrás e entraram na reserva, atacando. No meio desse ataque, o filho da nossa liderança caiu morto e as pessoas foram feridas. Estamos cercados aqui. Está tudo rodeado. Os fazendeiros estão em volta. Não podemos entrar e nem sair”, disse ao CIMI uma liderança indígena que preferiu não se identificar.

Os Guarani-Kaiowá ocupavam desde domingo (12) o território chamado de Toropaso, dentro da Fazenda Yvu. Esse território, reivindicado pelos indígenas, foi identificado pela Funai em maio como terra indígena, mas ainda não teve a demarcação confirmada.

Lentidão

“Esse ataque é fruto da leniência e da lentidão do Estado Nacional em resolver a demarcação das terras indígenas. Outras áreas de retomada como Te’yjusu e Pindo Roky também foram vítimas de violências”, disse o antropólogo Diógenes Cariaga, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em declaração divulgada pelo ISA.

Procurado, o Ministério Público Federal no estado informou que representantes do órgão já foram deslocados para a área. O Ministério da Justiça foi contatado para comentar o ocorrido, mas não respondeu até a publicação da matéria.


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