Dezenas de milhares de pessoas lotaram a Arena Condá, estádio da Chapecoense, na noite de ontem (30) para homenagear as vítimas do acidente aéreo na Colômbia. O avião que caiu levava a delegação do clube catarinense e jornalistas para Medellín, na Colômbia, onde seria disputada a primeira partida da final da Copa Sul-americana contra o Atlético Nacional. A homenagem aconteceu na mesma noite em que estava previsto o jogo entre as duas equipes.
A emoção tomou conta da multidão desde a chegada ao estádio. Nas ruas de Chapecó, parecia não haver outro destino possível que não fosse a Arena Condá: grupos de amigos e famílias inteiras caminhavam rumo ao estádio vestindo as cores da Chapecoense e carregando faixas e bandeiras do clube.
As homenagens aconteceram simultaneamente na Arena Condá e no estádio Atanasio Girardot, em Medellín, na Colômbia, no horário em que seria disputada a partida.
As arquibancadas ficaram completamente lotadas. Os torcedores passaram a noite entoando cantos de apoio, em um esforço para mostrar ao mundo que o Verdão do Oeste não vai morrer com a tragédia que levou grande parte de seus jogadores, dirigentes e comissão técnica.
Com a presença no gramado de parentes das vítimas e de atletas que não foram relacionados para a viagem, a homenagem teve uma celebração religiosa em nome dos mortos. Em seguida, no auge da cerimônia, o telão da Arena Condá exibiu os nomes e as fotos de todas as 71 pessoas que morreram no acidente, momento que levou a multidão às lágrimas.
Homenagem emociona atletas
“Eu estava na lista do vôo e não fui de última hora. Acho que isso, talvez, seja um aviso que era pra eu ficar aqui. Por isso, não posso me negar a nada. O que precisar fazer por esse clube, eu estou disposto”, afirmou o goleiro Nivaldo. Ele havia anunciado, após o acidente, que iria se aposentar dos gramados, mas agora disse não descartar uma sequência na carreira para ajudar a Chapecoense.
O atleta, um dos mais antigos no clube, falou sobre a torcida que lotou a Arena Condá para homenagear as vítimas da tragédia. “O torcedor tem a mesma dor que nós temos. Acho que eles fizeram hoje aquilo que não puderam fazer na final [da Copa Sul-americana]. Eles acreditavam que poderíamos ganhar o título, e acho que hoje foi uma válvula de escape. A gente se sente confortável de ter o apoio do torcedor nesse momento”, concluiu Nivaldo.
Outro goleiro da Chapecoense que não viajou com a delegação, Marcelo Boeck, disse que pretende preservar a memória dos colegas que morreram no acidente. “A minha lembrança, aquilo que eu vou tentar passar, é de alegria. É de um grupo feliz de homens que faziam tudo por suas famílias, para que os filhos deles, quando crescerem, possam ter orgulho e lembrar deles com carinho e alegria”, ressaltou.
Boeck contou, ainda, que fez aniversário na segunda-feira (28), véspera da tragédia. Ele pediu para não viajar para poder aproveitar a data com a família. “A gente tem um grupo no WhatsApp só dos jogadores. Todos eles me felicitaram, então eu vou guardar esse grupo pra sempre. Não vou apagar, não vou sair, porque essa é a última lembrança que eu tenho deles. Um grupo parceiro, um grupo amigo”, relatou o atleta.
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