A cantora Pitty disse que os homens não vão protagonizar o movimento feminista e que cabe ao gênero masculino dar apoio ao feminismo.
Pitty afirmou que muitas mulheres tentam se proteger para que não sejam vistas como objeto de conquista, o que não deveria ter que acontecer. “O sexismo faz isso. Temos que poder ser mulher, usar a saia e a maquiagem que queremos e ainda ser respeitadas por isso.”
Em evento promovido pelo canal GNT em parceria com a ONU Mulheres, a questão da igualdade de gênero foi colocada em debate sob a perspectiva de homens e mulheres. A hashtag #ElesPorElas é uma versão nacional da #HeForShe que teve apoio internacional da atriz Emma Watson. A campanha promove a discussão do tema entre homens e mulheres para buscar a melhor forma de trazer igualdade entre os gêneros. O evento foi apresentado nesta quarta-feira (24) no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, por Astrid Fontenelle e Marcelo Tas.
Segundo a empresária Luiza Trajano, que comanda a rede de lojas de varejo Magazine Luiza, a mulher ainda assume a responsabilidade social de criar os filhos. “Ela não para de trabalhar por falta de vontade, para porque não tem mais como”, relatou.
Luiza defende que as mulheres tenham 15% de cotas nos conselhos administrativos de empresas brasileiras. “É uma maneira de alcançar a igualdade”, disse.
Para a diretora da ONU Mulheres na América Latina e Caribe, Luiza Carvalho, as mulheres devem ter mais representatividade política e defende as cotas em cargos. “As cotas funcionam. Os países da América Latina e Caribe estão em torno de 40% de representatividade feminina, sendo que regiões remotas do Brasil têm em torno de 10%”, contou.
De acordo com Luiza, o mercado de trabalho brasileiro apresenta uma das menores distâncias de pagamento entre homens e mulheres, em torno de 19%, mas isso não conta a segmentação do mercado de trabalho informal. “Nenhum país atingiu a igualdade de gênero no mundo inteiro, se mantivermos a situação como está na nossa região vai demorar 80 anos pra atingirmos a igualdade no mercado de trabalho.”
Tanto a professora e ex-prefeita de Macaé (RJ), Marilena Garcia, quanto o juiz federal Roger Raupp Rios defendem que o ensino público brasileiro deve debater a questão de gênero. “As mudanças têm que ser institucionais, estão banindo das escolas a questão da sexualidade”, disse Rios. Marilena acredita que a rede de ensino não é devidamente qualificada para abordar a questão, mas ressalta que a única maneira de fazer a discussão atingir a população é através da educação.
Mestranda em Filosofia Política na Unifesp, a blogueira feminista Djamila Ribeiro explicou que as masculinidades são diferentes e que a mulher negra é ainda menos favorecida na escala social. Djamila disse que “se a independência da mulher incomoda, quero que o homem entre em crise para desconstruir os seus conceitos.”
A cientista social Débora Emm contou que o ambiente familiar segue invenções como a de que “mãe é mãe”, que, apesar de ter relação com o carinho maternal, coloca toda a responsabilidade sobre a mulher. “Mulher não precisa se casar. Não se sintam na obrigação de formar família ou de ter filhos. Você não é menos mulher por causa disso.”
A publicidade em boa parte das vezes é a vilã da história, como afirma o sócio-presidente da Agência Moma, Rafael de Miranda. “É importante passar mensagens sem reproduzir estereótipos ou piadas fáceis para o cliente.” Segundo Miranda, as mulheres são maioria nas faculdades de comunicação, mas isso tem efeito diferente nas agências de publicidade. “As mulheres costumam ficar na parte de atendimento enquanto é criação é relegada aos homens”, disse.
Nadine Gasman, diretora ONU Mulheres no Brasil, pediu compreensão dos homens ao atual contexto da mulher na sociedade. “A mulher reage ao inconformismo. Quero que homens se coloquem no lugar das mulheres. Acredito nessa transformação e o homem tem que fazer a parte dele”, finalizou.
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