Impacto nas instituições

Às 14h30 desta terça-feira, teve início o segundo painel de palestras do II Seminário Internacional “Quem é Quem na Arte Contemporânea”, realizado pela revista ARTE!Brasileiros. Debatendo o tema O Impacto da Arte Contemporânea nas Instituições Culturais, cinco representantes de importantes instituições, que exercem papéis essenciais para a arte contemporânea mundial, compuseram a mesa de debates.    

Diretor artístico do Tate Liverpool, no Reino Unido,  Francesco Manacorda atua no espaço britânico há um ano e meio e revelou que, quando chegou, quis refletir sobre a maneira que a “forma” (os espaços expositivos) e o “tempo” era utilizado dentro do edifício de quatro andares, sediado na cidade natal do Beatles. “Os primeiros princípios que eu quis esteabelecer foram da simultaneidade e da verticalidade. Para descobrir como é que poderíamos aplicar princípios artísticos, de diferentes curadorias, e por meio de uma ‘única’ exposição ligar a jornada do visitante.”

Entre as futuras exposições que serão realizadas no Tate, Manacorda antecipa que uma delas, coletiva, com trabalhos que refletem a politização de artistas, apresentará a icônica instalação Tropicália, de Hélio Oiticica. Apesar do pouco tempo lidando com os projetos do Tate, é explícito o entusiasmo que move as ações de Manacorda: “Gosto de chamar o museu de ‘máquina de aprendizado’. Pois, para mim, ele deve ter esse papel emancipatório, eliminar distâncias entre o especialista e o não especilista. Aliás, seria bom se houvesse uma ferramenta de medição para mensurarmos o quanto as pessoas estão mudando sua visão de mundo ao ter contato com a arte. Minha missão é ativar o museu como uma máquina de aprendizado.”

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Já a missão de Chantal Wong, chefe de estratégia e projetos especiais do Asia Art Archive (AAA), na China, embora similar à do diretor artístico do Tate Liverpool, abrange um espectro ainda mais amplo de conhecimento. O Banco de dados do AAA reúne mais de 100 mil informações. “Em 2012, utilizando-se do nosso website, quisemos comunicar o aumento da produção artística da Ásia, e reunimos vários curadores e críticos de arte. Não só asiáticos, mas também europeus, que elaboraram um questionário fundamental para as pessoas que cuidam dos arquivos da AAA. Buscamos fluxos livres e metodologias para entender o contemporâneo.” Exemplo pontual da importância da AAA, enfatizada por Chantal foi o trabalho denominado Documenting Contemporary Chinese Art 1980 – 1990, que mapeou a produção artística do período e deu visibildiade a inúmeros trabalhos obscuros que hoje tem visibilidade e acesso gratuito na internet.

O jovem curador independente e escritor canadense Philipp Larrat-Smith, que recentemente atuou no MALBA, em Buenos Aires, foi assistente de Louise Borgeois e chegou a curar exposições da artista plástica nascida na frança e radicada nos EUA. Para Larrat-Smith, a experiência em nosso continente o levou a crença de que é fundamental aproximar vizinhos e promover conhecimento recíproco de suas produções contemporâneas: “É muito importante fomentar a interrelação entre os países da América Latina, sem defender nacionalismos. A Argentina não olha pra os seus vizinhos da América Latina, prefere ter os olhos abertos para a Europa ou para Nova York.  O mesmo acontece no Brasil e precisamos transcender essa mentadlidade.”

Fundadora da Biennial Foundation, entidade que organiza um fórum mundial de bienais de arte, realizado pela primeira vez em 2012, com a participação de representantes de 72 bienais, Marieke Van Hal, Fundadora e diretora da Biennial Foundation, na Holanda, iniciou sua apresentação enaltecendo a importância da Bienal de São Paulo, que é realizada desde 1951. Marieke também valorizou o rico acervo da biblioteca da Fundação Bienal paulistana. “Fiz pesquisas nos arquivos da Bienal de São Paulo, e ela é a biblioteca mais ampla e extensa sobre bienais, não só da de São Paulo, mas sobre todas as bienais. Quem quiser estudar ‘bienalogia’ deve acessar esse arquivo.”

Marielka reverenciou também o legado do curador e professor Walter Zanini, morto em janeiro deste ano, que desde o começo dos anos 1980, quando esteve a frente do Museu de Arte Contemporânea – MAC-USP, defendeu a interatividade entre as bienais espalhadas nos cinco continentes. “A necessidade de troca foi expreessa bem antes de eu criar a Biennial Foundation. O desejo de conectar bienais começou aqui, em São Paulo, com Zanini há mais de 30 anos. A proliferação de bienais, nas útlimas décadas, foi uma importante transição para o mundo da arte conemporânea.”

Encerrando o segundo painel, Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo enfatizou o principal compromisso da instituição dirigida por ele na capital paulistana e numa rede de 33 unidades espalhadas no interior do Estado: educar. Mensalmente, os sescs recebem cerca de 1,5 milhão de visitantes. Boa fatia deles, interessados não só em lazer e prática de esportes, mas nas diversas manifestações artísticas ofertadas pela rede, com o usual padrão de qualidade e baixo custo. Mas qual a relação do Sesc com a arte contemporânea? Mirada esclarece: “Todas nossas ações tem o carater de envolver as pessoas num processo educativo, mas acreditamos que a arte contemporânea pode colaborar para ajudar as pessoas a entenderem a realidade e transformar o que está a sua volta. Dessa forma a arte entra na vida da pessoa não no sentido da educação formal, mas dando a ela preparação necessária para exercer uma vida autonoma e ser capaz de se desenvolver.”


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