Ao contrário do Uruguai, que recebeu no domingo (7) seis detentos da base militar norte-americana de Guantánamo, em Cuba, o governo brasileiro informou na segunda-feira (8) que não estuda seguir a ação do país vizinho. A transferência faz parte do processo anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no início de seu mandato, no sentido de encerrar as atividades da base, onde ainda permanecem 136 prisioneiros, a maioria por acusações de terrorismo, sem julgamento.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) negou a informação publicada pelo The New York Times, de que o Brasil estaria entre o grupo de países sul-americanos, incluindo o Chile e a Colômbia, que abriram conversações sobre a possibilidade de também receber alguns detentos. Procurada por jornalistas, a Assessoria de Comunicação Social do Itamaraty disse apenas que “o Brasil não estuda a hipótese de aceitar detentos da prisão norte-americana de Guantánamo”.
O presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, que mantinha diálogo há meses com Obama sobre a transferência, explicou que o acolhimento feito por seu país se trata de uma ação humanitária e que os ex-detentos, agora em Montevidéu, têm status de refugiados. “Se quiserem ir [embora] no primeiro dia, poderão ir. Isso não é um cárcere”, afirmou.
Segundo o ministro da Defesa do Uruguai, Eleuterio Fernández Huidobro, os quatro sírios, um palestino e um tunisiano transferidos ontem da prisão de Guantánamo estão bem e devem estar “pelas ruas de Montevidéu, caminhando como qualquer um” em breve. Só não estão ainda porque passam por exames médicos. Huidoro informou que um deles, que fazia greve de fome até ser transferido, já voltou a comer e deve sair logo do hospital onde se recupera. Também disse que os refugiados terão de conseguir trabalho, se quiserem trazer suas famílias para viver com eles no país.
O subsecretário de Saúde Pública, Lionel Briozzo, disse que os seis ficarão internados até que estejam em bom estado físico e psicológico, lembrando que ficaram reclusos por 12 anos. Os refugiados, com idade entre 32 e 43 anos, estavam em Guantánamo desde 2002, quando foram presos no Paquistão. Eles não tiveram julgamento e foram declarados “liberáveis” pelas autoridades norte-americanas, por serem considerados de baixa periculosidade.
O ministro uruguaio da Defesa considerou a suspeita de que os detentos integraram células terroristas um “disparate”, e disse que, além do governo dos Estados Unidos reconhecer que não há nenhuma prova contra eles, as autoridades do Uruguai também fizeram todas as investigações que deveriam fazer. Essa foi a maior transferência de presos de Guantánamo desde 2009, sendo os primeiros transferidos para a América do Sul.
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