A imprensa brasileira adota claramente dois pesos e duas medidas para tratar as manifestações contra os governos dos diversos países. Os protestos contra o governo de Nicolás Maduro, na Venezuela, ocuparam o alto da Folha de S.Paulo e chamada de capa em O Estado de S. Paulo. Já as manifestações contra o governo Michel Temer realizadas em todo o País nem foram citadas na capa do Estado, e mereceram apenas um pequeno título sem chamada na capa da Folha.
Internamente, o Estado publicou uma notícia pequena sobre o ato de quarta-feira em São Paulo (“Jovem perde a visão após ser ferida em ato”) acompanhada do anúncio de que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo proibiu a realização de manifestações no domingo na avenida Paulista. Enquanto isso, os protestos na Venezuela ocupavam a capa do caderno “Internacional”.
A Folha também destinou a capa de seu caderno “Mundo” aos protestos contra Maduro e deslocou os atos contra o governo Temer para a última página do caderno “Poder”. O jornal ainda chegou a noticiar que a universitária Deborah Fabri teve o olho esquerdo perfurado (“Em postagem nas redes sociais, ela afirma que ficou cega do olho esquerdo. A Folha não conseguiu localizá-la”), mas a cobertura dos atos foi acompanhada pela publicação do editorial “Fascistas à solta”, no qual o jornal condenou os manifestantes.
“Desaparecidos de cena, os delinquentes voltaram a agir em meio aos protestos contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) nas noites de quarta-feira (31) e quinta-feira (1º) em São Paulo, atacando prédios no centro da cidade. entre eles a sede deste jornal”, diz o editorial: “Quem financia e treina essas patrulhas fascistoides? Está mais do que na hora de as autoridades agirem de modo sistemático a fim de desbaratá-las e submeter os responsáveis ao rigor da lei”.
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