Os sindicatos de caminhoneiros da maioria dos Estados brasileiros e a União Nacional dos Caminhoneiros se manifestaram de forma contrária à greve da categoria convocada em 14 unidades do País. Nesta terça-feira (10), os focos de paralisação e de bloqueio de estradas estão concentrados em Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A reportagem de Brasileiros ouviu a representação de caminhoneiros em Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e a União Nacional de Caminhoneiros, também sediada na capital paulista.
A União Nacional de Caminhoneiros, que não se manifestou por nenhuma liderança, disse que “respeita os movimentos sociais, mas não apoia a paralisação porque entende que, nesse momento, não é benéfico para o País provocar um caos nas rodovias”. “Entendemos que uma roda de negociações com o governo seria mais vantajosa para a categoria”, expressou por meio de assessoria de imprensa.
O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Mato Grosso do Sul (Sindicam-MS), Osni Belinati, afirmou que a categoria não está apoiando a greve, e que a paralisação tem uma forte conotação política, já que não existem lideranças e reivindicações consistentes. “Tem um fator político forte nessa greve, quem perdeu a eleição ainda não aceitou a derrota. Para se ter uma ideia, no começo da greve, na semana passada, a pauta principal era o impeachment da presidente Dilma. Logo depois eles mudaram, falando que queriam rever o frete e o preço do diesel.”, disse Osni. O sindicalista ainda afirmou que o Sindicam-MS apoiou a greve dos caminhoneiros no começo do ano, pois a categoria cobrava reais mudanças no trabalho dos caminhoneiros, o que, na opinião de Osni, não acontece nesta paralisação.
Outro sindicato que não está apoiando a greve é o Sindicato dos Caminhoneiros do Rio Grande do Sul (Sindicam-RS), sendo este um dos Estados mais afetados pela atual paralisação. Para Marco Antonio dos Santos, presidente da instituição, a greve está sendo articulada por caminhoneiros independentes, que não estão ligados a sindicatos. “Não houve convite ou qualquer pedido para a participação do sindicato nesta paralisação.”, disse Marco Antonio. Para ele, o impeachment de Dilma é uma pauta válida, mas não tem nada a ver com a luta dos caminhoneiros: “Imagina se cada categoria que não gosta de um presidente fizesse greve? Não ia dar certo”, argumentou. Por meio de sua assessoria de imprensa, o Sindicato dos Caminhoneiros de São Paulo informou que não está participando nem apoiando a greve.
No último dia 30, a Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens), emitiu um comunicado oficial dizendo que “A Fetrabens e todos os sindicatos filiados no Estado de São Paulo não participam nem apoiam nenhum tipo de movimento paredista ou social, que venha falar em nome da categoria dos Transportadores Autônomos de Carga.”
O comunicado ainda versa sobre a atual crise política e econômica do País, deixando claro que os caminhoneiros não podem ser utilizados como massa de manobra para atender conveniências políticas. “É de conhecimento geral que o Brasil vive uma grave crise, e isso, por sua vez, fez emergir vários movimento sociais. (…) No entanto, não é raro que pessoas se coloquem na posição de líderes, utilizando nomes desta ou daquela categoria para autopromoção. (…) O caminhoneiro não pode deixar ser usado para atender interesses escusos, vindo de outras categorias ou pessoas que não são do nosso meio.” O documento é apoiado por ao menos 15 sindicatos de São Paulo, Goiás e Paraná.
Na segunda-feira (9), o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, afirmou em entrevista coletiva que a greve tem “como aspiração única, o desgaste político do governo”. “Esperamos efetivamente que aqueles que estão envolvidos nessa mobilização, que têm único objetivo de desgaste político, que possam colocar acima de qualquer outra questão os interesses da população brasileira”, disse o ministro.
De acordo com Edinho, nenhuma organização, representação ou sindicato vinculado aos caminhoneiros procurou o governo federal para estabelecer as reinvidicações. ““Uma greve, geralmente, vem com questões econômicas, sociais e, geralmente, é propositiva. Mesmo quando se trata de questões políticas, a greve é propositiva. Eu nunca vi uma greve onde o único objetivo dela é gerar desgaste para o governo”, argumentou.
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