A cidade de São Paulo registrou neste ano 1.130 assassinatos, com 38 dos 93 distritos mostrando taxas de homicídio superiores à média da cidade em 2014, o equivalente a 40,8%. O levantamento foi feito pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP). No ano passado, a capital paulista alcançou o patamar de 9,8 mortes por 100 mil habitantes.
“Nos anos 2000, a taxa do município girava em torno de 50 por 100 mil. Em alguns lugares, a taxa era superior a 100. Hoje, a taxa global é inferior a 10. Entretanto, há lugares em que a taxa de homicídio ainda é superior a 40. Se a gente observar que em São Paulo ocorrem pouco mais de mil homicídios por ano ainda, e que esses homicídios, historicamente, se concentram em lugares específicos, isso mostra que, se a Secretaria de Segurança Pública [SSP] teve sucesso em relação aos homicídios, esse sucesso é relativo”, afirma Marcelo Batista Nery, pesquisador do NEV.
Considerando as mortes em relação à população, a Sé tem a pior situação. Foram 48,6 homicídios por 100 mil habitantes no ano passado, com 16 assassinatos. Também na região central, o distrito Santa Efigênia tem taxa de 38 mortes por 100 mil habitantes, seguido pelo Pari, com índice de 28,3 homicídios. Em números absolutos, com 51 mortes, a situação mais preocupante está no Campo Limpo, zona sul paulistana. Neste distrito, o índice em relação aos habitantes ficou em 21,9. Em seguida, aparecem Parelheiros (41 por 100 mil/hab), Jardim Herculano (40) e Jaçanã (39).
Na análise relativa, os distritos com maiores taxas concentram-se em maior parte nos extremos da capital. Nery destaca que, além das políticas de segurança pública, outros fatores contribuem para a ocorrência de maior ou menor taxa de homicídios. Ele cita, por exemplo, a ausência de políticas relacionadas à habitação e serviços de infraestrutura, como iluminação, o que ocorre mais comumente na região periférica.
Na região de Itaquera, por exemplo, que recebeu investimentos no ano passado por ser o bairro paulista que abrigou um dos estádios da Copa do Mundo, a taxa de homicídios passou de 12,4, em 2013, para 4,1. “Mostra-se a importância do Poder Público, mas ressalto que essa intervenção específica em um certo momento direcionou recursos para um certo lugar, o que normalmente não acontece. É necessário que esse recurso seja dividido pela cidade como um todo. Para a manutenção dessa baixa taxa, é fundamental a articulação dessa ação efetiva em várias instâncias, em conjunto com a sociedade local”, disse.
Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os homicídios no mundo mostra que a média global é de 6,2 por 100 mil habitantes. Nery informou que o sul da África e a América
Central têm taxas mais de quatro vezes maior que a média global (acima de 24 vítimas por 100 mil habitantes), seguidas pela América do Sul, África Central e o Caribe (entre 16 e 23 homicídios por 100 mil habitantes). Dos distritos paulistanos, 24 ficam abaixo da média global. Apenas dois distritos tiveram taxa zero de homicídios: Campo Grande e Parque da Moóca.
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