Depois de semanas com o nome no noticiário sob a acusação de se beneficiar de uma máfia da merenda que se instalou em pelo menos 22 municípios do Estado de São Paulo, o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Fernando Capez (PSDB), decidiu conceder as primeiras entrevistas. Como esperado, culpou o seu assessor e disse que não poderia “responder” pelos atos de seus funcionários.
A entrevista aparece um dia depois de o merendão ter sido tema de protesto da torcida do Corinthians no jogo de domingo (14) contra o São Paulo no Itaquerão. Na ocasião, a revista realizada pela Polícia Militar falhou e a organizada Gaviões da Fiel exibiu faixas de protesto, como já havia feito na partida de quinta-feira (11) contra o Capivariano. Ao todo foram quatro faixas: “CBF e Federação Paulista, vergonha do futebol”, “futebol refém da Rede Globo”, “ingresso mais barato” e “quem vai punir o ladrão de merenda?”.
Nas entrevistas que concedeu, Capez não mencionou o protesto dos corintianos. Ele se concentrou em acusar seu ex-assessor Jéter Rodrigues, que teria usado seu nome para obter vantagens com a cooperativa Coaf, principal acusada de fraudar a merenda em São Paulo. Segundo delação premiada de ex-dirigentes da cooperativa, Jéter atual em nome de Capez para cancelar um contrato assinado de R$ 8,5 milhões sob a condição de assinar outro apenas mediante propina.
Em entrevistas aos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, as primeiras desde o escândalo, Capez descreve com repugnância seu ex-assessor: “Você já viu o perfil do Jéter? Olha o meu perfil e olha o perfil dele: está com pneumonia, cheio de dívidas, mora em uma favela, tem 40 anos e está prestes a se aposentar. Se um cara tem a chance de fazer uma jogada e ganhar 50 paus por mês, a chance de ele fazer isso é maior.”
Segundo Capez “a família dele fez lobby a vida toda, são lobistas profissionais. Sempre usaram nome de outras pessoas”, acusa, embora negue que o conhecesse antes que seu outro assessor afastado por suspeita de corrupção, Merivaldo dos Santos, o apresentasse.
Para o deputado tucano, ele não pode ser responsabilizado pela ação de seus próprios funcionários: “Eu não posso responder por pessoas adultas, não posso responder pelos meus assessores. É fisicamente impossível que eu saiba o que cada assessor está escrevendo no computador, está falando no telefone, nas minhas costas. Esse é o ponto de fragilidade da política. O fato é que eu não cobrei nada de ninguém, não dei recibo para ninguém, não liguei em nenhuma secretaria para interferir.”
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