Momento extraordinário pelas condições macroeconômicas e oportunidades

Os avanços dos indicadores econômicos e sociais colocam o Brasil em posição de destaque e em condições de ocupar um posto de liderança no cenário internacional. Nos últimos anos, o País tem realizado uma melhora substancial na distribuição de renda. O Coeficiente de Gini, que mede a desigualdade, vem caindo. A classe C tem se expandido ao abrigar as pessoas que, devido à melhora de sua situação socioeconômica, podem sair das classes D e E. Na área pública, a meta do governo é aumentar o superávit primário e não comprometer os investimentos. “O momento que o Brasil vive é extraordinário pelas condições macroeconômicas e oportunidades que temos”, define o presidente da Previ e do Conselho de Administração da Vale, Ricardo Flores.
Para debater esse momento especial pelo qual passa o Brasil, a Seminários Brasileiros, a nova divisão da revista Brasileiros, reuniu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, eco­­nomistas, acadêmicos, em­­­­­­­­­­presários e um público de alto nível. Durante um dia inteiro, eles discutiram e colocaram os seus pontos de vista sobre as condições do Brasil, seus desafios e oportunidades para o futuro. As ideias – em algumas situações, coincidentes e em outras, divergentes – enriqueceram o debate sobre as perspectivas do País, as mudanças que precisa fazer e seu potencial.

“O País vive em uma conjuntura extremamente favorável, apesar dos grandes desafios que ainda temos pela frente, e debates tão privilegiados e de grande prestígio como a palestra do ministro Guido Mantega, tenho certeza, contribuirão muito para esse processo que o Brasil atravessa. Faz toda a diferença promover debates de qualidade. Em um momento tão importante e favorável para nosso País, é fundamental discutirmos nossos novos rumos”, diz Marcello D’Ângelo, diretor de comunicação do Grupo Camargo Corrêa.
No cenário internacional, o choque nos preços das commodities, dificuldades dos países mais desenvolvidos em resolver os seus problemas estruturais e a reviravolta política no Oriente Médio trazem volatilidade e incerteza no curto prazo. No entanto, o Brasil tem condições de se sair bem. Possui um mercado interno dinâmico, capacidade energética, além do potencial representado pelo Pré-Sal, e é um grande produtor global de commodities (especialmente grãos). Os países emergentes estão ganhando espaço e puxam o crescimento global. A hegemonia americana está em risco, ao mesmo tempo que países europeus se debatem com os problemas de financiamento de seu gasto público e estagnação econômica.

Aprender a gostar do Brasil
Para o professor Ernesto Lo­zardo, da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP): “é muito importante discutir o Brasil futuro, qual o papel do Brasil nas mudanças globais. Nós temos de aprender a gostar do Brasil e esse debate esclarece muito isso, dá um pouco mais de orgulho ao brasileiro, do que ele está conquistando, que não é pouca coisa. O Brasil está em um mo­­mento de um sentimento de orgulho, começando a confiar em si mesmo, que o crescimento é para valer”.
Mas, para que seja protagonista nesse novo contexto internacional, o Brasil não po­de se acomodar. Como diz o professor Luiz Gonza­ga Belluzzo, diretor da Facamp: “o Brasil está em uma situação muito favorável, em termos rela­tivos, mas não podemos achar que os problemas es­­tão resolvidos, porque não estão”. Segundo ele, é importante identificar o que precisa ser feito e o debate com diversidade de opiniões pode ajudar muito a definir o que precisa ser feito. Há mudanças estruturais profundas pela frente. O rápido envelhecimento da população exige a adoção de políticas públicas e investimentos que acompa­nhem esse movimento.
Pa­ra garantir uma situação confortável no mundo globalizado, a educação é prioridade total e o modelo brasileiro tem de estar apto para atender as demandas de um mundo que exige o aprendizado permanente. Há a necessidade de formação e qualificação de mão de obra e de profissionais de nível superior. Com esse enfoque, o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, mostra números elaborados com precisão que vão orientar o longo caminho a ser percorrido pelo Brasil.
“Se não aprendermos a importância e a necessidade de pla­nejar e cumprir metas, vamos sempre correr, correr, e nunca alcançar o que realmente precisamos”, argumenta a auditora da Fundação Vanzolini, Maria Luiza Salomé, que enriqueceu o debate com sua participação na plateia.
“Ter fóruns para discutir a sociedade brasileira é muito importante. Falta reflexão, há um certo marasmo, acho que a gente se engalfinhou muito em uma disputa política entre PT e PSDB e, co­mo sociedade, estamos per­dendo a capacidade de pensar. Acho ótimo um espaço em que a gente possa pensar”, diz o professor Samuel Pessôa, doutor em Economia pela USP. Para o diretor de financiamento e vendas da Embraer, Marcelo Santiago, eventos como o seminário promovido pela revista Brasileiros: “Geram massa crítica na discussão das políticas necessárias para o desenvolvimento do País”.


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