O movimento pelas ocupações das escolas estaduais, em protesto contra o fechamento de escolas promovido pelo governo de Geraldo Alckmin para o Estado de São Paulo, só cresce a cada dia. Na última semana foram quase duas dezenas de escolas ocupadas por alunos, professores e funcionários. Já nesta semana a organização dos estudantes foi ainda mais forte, e os alunos ocuparam mais de 40 escolas estaduais. Sendo assim, o número aproximado de escolas ocupadas chega a 63.
As informações foram divulgadas pelo movimento social de secundaristas O Mal Educado, que milita desde 2011 pela causa dos professores das escolas estaduais. O movimento divulgou as primeiras escolas ocupadas através de sua página no Facebook, que já angariou 20 mil seguidores em apenas algumas semanas. A primeira escola ocupada foi na região do grande ABC, em Diadema, que completa dez dias de ocupação nesta quinta-feira (19). A segunda escola ocupada, e que acabou chamando mais atenção e atraindo os movimentos sociais, foi a Fernão Dias Paes, em Pinheiros, zona oeste da capital.
A situação na Fernão Dias chegou a ficar tensa nos primeiros dias da ocupação, quando a Tropa de Choque da Polícia Militar foi acionada arremessou bombas de gás lacrimogêneo e espirrar gás de pimenta nos manifestantes. O juiz Luis Felipe Ferrari Bedendi, da 5ª Vara de Fazenda Pública chegou a autorizar a reintegração de posse no último fim de semana, quando onze escolas estavam ocupadas por alunos. Contudo, o magistrado voltou atrás e suspendeu a decisão em função de um recurso elaborado pelo Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp).
Nesta semana, segundo o G1, o secretário e Educação do Estado de São Paulo, Herman Voorwald, disse que a reintegração de posse é uma “obrigação pública”. As palavras do secretário não surtiram efeito, e uma reintegração que estava marcada para quarta-feira (18), na E.E. Diadema, foi suspensa pelo juiz André Mattos Soares. Na decisão, ele diz que irá esperar até a próxima reunião de conciliação, marcada para a tarde desta quinta.
A decisão do juiz contribui para o protesto dos estudantes, que perceberam que uma parte considerável da sociedade civil está os apoiando. Só nesta semana, segundo o movimento O Mal Educado e o Centro de Mídia Independente de São Paulo (CMI-SP) foram aproximadamente 48 escolas estaduais ocupadas por alunos e professores. Outro aspecto do crescimento do movimento dos estudantes é a presença de ocupações em cidades relativamente distantes da capital. Até a última semana, os estudantes haviam ocupado apenas escolas da grande São Paulo, incluindo municípios como Santo André e Osasco. Já nesta semana, alunos ocuparam escolas em Araraquara, Piracicaba, Santos, Franca e São José dos Campos. Na manhã desta quinta a página O Mal Educado já registrava mais duas escolas ocupadas: E.E. Silvia Ribeiro, em Marília e E.E. Di Cavalcanti, em Pinheiros, zona oeste da cidade.
Nas escolas ocupadas estão sendo desenvolvidas diversas atividades culturais para os alunos, como aulas públicas e rodas de debate. Na quarta-feira (18), a E.E. Castro Alves recebeu o Grupo de Teatro Madeirite Rosa, que fez uma apresentação com os estudantes. Já na E.E. Maria Elena, em Mauá, os alunos estão organizando um bazar, que será realizado no próximo sábado (21) para angariar fundos ao movimento. Já na E.E. Ana Rosa, na zona oeste, o coletivo de teatro Trupe Lona Preta se apresentou aos alunos na última terça (17), também foi organizada uma palestra para debater as ocupações. Em grande parte das escolas os alunos que estão ocupando as dependências se organizaram para garantir questões básicas, como limpeza e alimentação.
O coletivo Centro de Mídia Independente elaborou uma planilha que lista todas as escolas ocupadas, seus endereços e suas necessidades, como mais pessoas para a vigília, alimento, objetos de higiene, colchões etc. Segue a lista de escolas estaduais ocupadas:
E.E. Agusto da Silva Cesar, E.E. Américo Brasiliense, E.E. Antoine de Saint Exupery, E.E. Antonio de Mello Cotrim (a confirmar), E.E. Antônio Paiva de Sampaio, E.E. Antônio Viana de Souza, E.E. Antônio de Mello Cotrim, E.E. Astrogildo Arruda, E.E. Caetano de Campos (Aclimação), E.E. Caetano de Campos (Praça Roosevelt), E.E. Carlos Gomes, E.E. Chlorita de Oliveira Penteado Martins, E.E. Délcio de Souza Cunha, E.E. Egídio Damy, E.E. Eloy de Miranda, E.E. Eulalia Silva (Jd. Angela), E.E. Flávio José Osório Negrini, E.E. Godofredo Furtado, E.E. Homero Silva (a confirmar), E.E. Jardim Wilma Flor, E.E. Josepha P. Chiavelli, E.E. José Augusto de Azevedo Antunes, E.E. José Lins do Rego, E.E. João Carlos Gomes Cardim (a confirmar), E.E. João Doria, E.E. João Galeão Carvalhal, E.E. João Kopke, E.E. Luís Magalhães de Araújo, E.E. Major Miguel Naked, E.E. Maria Elena Colonia, E.E. Maria Regina M. C. Guimarães, E.E. Marilsa Garbosa Francisco, E.E. Mario Avesani, E.E. Martim Egidio Dami (a confirmar), E.E. Moacyr de Campos, E.E. Neyde Apparecida Sollitto, E.E. Pedro Fonseca (Jd Monte Kemel), E.E. Pio Telles, E.E. Raul Fonseca, E.E. República do Suriname, E.E. Roger Jules de Carvalho Mange, E.E. Sabóia de Medeiros, E.E. Santinho Carnavale, E.E. Shinquichi Agari, E.E. Sinhá Pantoja, E.E. Stella Machado, E.E. Suely Machado Silva e E.E. Tancredo de Almeida Neves.
Alckmin pretende fechar escolas
As ocupações promovidas por alunos e estudantes nas escolas estaduais tem como objetivo derrubar o plano de reestruturação da educação no Estado. O governador Geraldo Alckmin anunciou em setembro que pretende fechar 94 escolas. Já a Apeoesp (Sindicato dos Professores de São Paulo) diz que mais de 1,400 escolas serão fechadas na capital, o que vai influenciar na vida de milhares de famílias. Na Escola Estadual Fernão Dias, por exemplo, os planos de “reorganização” de Alckmin pretendem acabar com os ensinos fundamentais I e II, mantendo apenas o ensino médio. Já na Escola Estadual de Diadema, o governo vai acabar com o período noturno.
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