O Ministério Público de São Paulo aprovou, nesta quinta-feira (16), a quebra de sigilo bancário, fiscal e dos cartões de crédito de 22 pessoas físicas e jurídicas ligada ao corpo gestor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. A decisão foi tomada com base em indícios consistentes de irregularidades na gestão e de práticas de enriquecimento ilícito, tráfico de influência, nepotismo e compras e contratações irregulares.
Quem está na lista
Um dos alvos da quebra de sigilo seria o provedor-licenciado Kalil Rocha Abdalla, a mulher e o filho dele. Outro candidato em potencial é o ex-superintendente da Santa Casa Antonio Carlos Forte. Em setembro do ano passado, depois de 22 anos à frente da instituição, ele deixou o cargo. Sua saída ocorreu cerca de uma semana depois que o jornal Folha de S.Paulo revelou que ele era sócio de uma empresa, a Apocatu, que prestava consultoria ao grupo Andrade Gutierrez, ao qual pertence a empresa Logimed, a maior fornecedora de materiais da Santa Casa e uma das credoras da instituição.
Endividamento, má gestão e compra de imóveis
A Santa Casa é alvo de uma auditoria contratada pela Secretaria de Estado da Saúde e também de inquérito civil para apurar a crise financeira do Hospital Santa Isabel, localizado no centro da capital e mantido pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia. Ambos são geridos pelas mesmas pessoas.
A dívida da Santa Casa chega a R$ 773 milhões, embora a instituição tenha declarado em setembro que devia R$ 433 milhões a bancos e fornecedores. A irmandade deve ainda os salários de novembro a cerca de 500 médicos e o 13 a todos os funcionários.
Na visão do MP, a Santa Casa recebeu dos cofres públicos mais recursos do que gastou entre 2010 e 2014, período que coincide com o aumento do seu endividamento. A promotoria observou ainda que, no mesmo período, houve um aumento do patrimônio em imóveis da instituição.
A partir de 2011, o que se vê é a aquisição de imóveis nas proximidades do hospital. Foram comprados, por exemplo, os imóveis na Avenida Amaral Gurgel, 344 e 537, vilas nas ruas Jaguaribe (76 a 96) e Frederico Abranches, 153 e imóveis nas ruas Veridiana e Marquês de Itu, entre outros. A estimativa é de que o patrimônio em imóveis da instituição alcance cerca de R$ 800 milhões.
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