Trabalhadores sem-terra voltaram a ocupar, na madrugada deste domingo (21), uma fazenda do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), localizada entre as cidades de Corumbá de Goiás e Alexânia (GO), municípios próximos à Brasília. A propriedade, que possui cerca de 20 mil hectares, pertence ao grupo agropecuário Santa Mônica, que é do senador, e já havia sido ocupada em agosto de 2014. O 2º Pelotão da Polícia Militar (PM) de Goiás confirmou que foi informado e que equipes foram enviadas ao local.
Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a ação é uma resposta ao descumprimento, por parte do governo federal, de acordos firmados em março deste ano, após os sem-terra desocuparem a fazenda. Um dos compromissos acertados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, segundo o MST, foi o assentamento de cerca de 1,1 mil famílias em até 60 dias após os sem-terra deixarem a propriedade. Outro é a produção de um estudo sobre a legalidade da propriedade pelo senador Eunício Oliveira. O movimento defende que a fazenda foi declarada improdutiva e que há “grande volume de informações na região sobre a grilagem da área”.
Em nota, o MST promete manter a ocupação até que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) destine a fazenda para fins de reforma agrária. “São necessários pelo menos 60 mil hectares para beneficiar mais de 2,5 mil famílias de sem terra. Há, desta vez, mais gente que da primeira ocupação, porque conseguimos mobilizar novas famílias e porque, com a crise, esses trabalhadores estão buscando alternativas”, disse um dos líderes da ocupação, Paulo Santana.
Ainda segundo Santana, não houve resistência à entrada dos sem-terra na fazenda e o clima é tranquilo. O grupo está erguendo barracas no local e organizando o acampamento. “Estamos apreensivos, mas esperançosos de que o governo cumpra o que já havia prometido. Nosso desejo é estabelecer uma mesa de diálogo para encontrarmos uma solução definitiva para o problema dessas famílias, tendo o diálogo como princípio básico do processo.”
Durante a primeira ocupação, a assessoria do senador garantiu que a propriedade era produtiva e opera há mais de 25 anos “em uma região livre de conflitos agrários”. Assegurou também que a Fazenda Santa Mônica cumpre todas as normas da legislação tributária, trabalhista e ambiental.
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