Nesse trabalho, Nuno preferiu omitir as imagens do massacre, massivamente publicadas na imprensa, representando cada uma das vítimas com paralelepípedos cobertos por asfalto e breu. Todos receberam uma impressão em clichê de chumbo, típico da linotipia, que informam o nome dos mortos, além de uma cópia de notícia de jornal sobre o trágico episódio e cinzas de páginas queimadas da Bíblia. Nas parece, foram fixados trechos de um texto do próprio Nuno, impressos na superfície de pequenas caixas de vidro preenchidas com outras páginas queimadas do Livro Sagrado. Uma obra forte, de grande impacto porque disseca uma tragédia e coloca o espectador como uma testemunha do fato.
Em 24 Horas 111, Nuno cria uma instalação sonora em torno do mesmo tema: Carandiru e chacina. A obra é uma leitura contínua e ininterrupta, durante 24 horas, dos nomes dos presos assassinados no episódio.
Nuno começa justamente na década de 1990 a criar suas primeiras instalações, reunindo materiais distintos. Desde as telas dos anos 1980, na Casa 7, ateliê que dividiu com quatro pintores, ele ficou conhecido como artista de grandes discursos (é autor de sete livros e foi entrevistado por Brasileiros quando lançou o mais recente, Sermões; (leia aqui) e grandes polêmicas, como a gerada na 29ª Bienal Internacional de São Paulo, Bandeira Branca, que primeiro contou com a presença de urubus presos em uma espécie de grande gaiola. Depois, por causa da confusão, os urubus foram retirados. Mas Nuno também é músico Mariana Aydar, em seu mais recente CD, Pedaço Duma Asa,lançado há pouco mais de um mês, canta várias canções composta por Nuno, algumas em parceria com o também artista Clima.
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