O MPL deve mesmo informar a PM sobre o trajeto de suas manifestações?

Protesto é protesto se é tutoriado pelo Estado? - Foto: Facebook/Divulgação
Protesto é protesto se é tutoriado pelo Estado? – Foto: Facebook/Divulgação

A falta de civilidade da Polícia Militar no ato contra o aumento da passagem na última terça-feira (14) em São Paulo trouxe à tona uma nova discussão: o MPL (Movimento Passe Livre), principal responsável por convocar as passeatas contra o reajuste no transporte público, deve combinar ou informar a essa mesma PM qual o trajeto que pretende fazer em suas manifestações?

Essa é a atitude defendida pelo secretário de Segurança do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes. Em entrevista coletiva na quarta-feira (13), ele afirmou que a polícia só impediu o início do protesto porque o caminho do ato não havia sido divulgado. Ele se uniu à prefeitura para pedir ao Ministério Público uma liminar na Justiça obrigando o MPL a informar esse trajeto nas próximas manifestações.

Mas será que o MPL deve mesmo essa satisfação à polícia, ao Estado, à população? Como boa parte da sociedade, Moraes acredita que as passeatas atrapalham o cotidiano das pessoas e por isso deveria ser conduzido pelo Estado. Já quem protesta na rua pensa exatamente o oposto.

Ao contrário das passeatas em favor do impeachment, quando manifestantes defendiam a polícia, quem vai às ruas contra o aumento da passagem de ônibus, trem e metrô reclama, em primeiro lugar, das administrações que agora pedem para conduzir os atos.

De que modo um protesto pode ser protesto se é negociado por quem é alvo das críticas? Essa ideia lembra o funcionamento do Congresso brasileiro na ditadura, quando os militares permitiam a existência de oposição desde que não causasse problemas demais.

Argumento mais polêmico é o que defende a tomada das ruas justamente para atrapalhar o cotidiano da população: como alguém poderia discutir os assuntos da cidade se nenhum distúrbio lhe tirar do cotidiano quase mecânico?

Os críticos das passeatas de rua, no entanto, dizem que o bloqueio de vias causariam antipatia de quem está no trânsito, afastando o apoio da população e que o melhor seria a criação de protestos alternativos, como a ocupação de escolas públicas por parte dos alunos secundaristas em São Paulo, Goiás e Espírito Santo. 

O desfecho dessa questão deve forjar as manifestações no Brasil pelos próximos anos.


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