O tricolor, o Tio Giuliano e o bom Canalha

O São Paulo Futebol Clube promete encher o estádio do Morumbi e lutar muito para se classificar para a próxima fase da Libertadores. Com a expectativa de 60 mil torcedores, o tricolor entra em campo e agradece o Trujillanos – conhecido pelo torcedor são-paulino como Tio Giuliano – pela vitória contra o Strongest, da Bolivia, por 2 a 1. O resultado deixou o tricolor mais confortável hoje à noite contra o River Plate da Argentina, para se classificar. Não é tarefa fácil, tem que ganhar hoje e empatar contra o Strongest, na Bolívia, mas para Edgardo Paton Bauza, o São Paulo de hoje é um novo São Paulo. A seguir, a história do treinador do tricolor, um bom caráter que já foi Canalla. Leia por quê:

Por Bruno Rodrigues

Bauza atuando como técnico do São Paulo. Foto: Site oficla do São Paulo Futebol Clube
Bauza atuando como técnico do São Paulo. Foto: Site oficial do São Paulo Futebol Clube

O argentino Edgardo Bauza chegou ao São Paulo no início de 2016 com rótulo de notável no ambiente futebolístico sul-americano. E não é para menos. Afinal, seu vitorioso currículo apresenta em letras maiúsculas duas Copas Libertadores, conquistadas com a LDU, em 2008, e com o San Lorenzo, em 2014. No mesmo currículo há, em letras menores, os outros feitos do treinador de 58 anos, que também conta com títulos nacionais e bons desempenhos em torneios de pontos corridos.

Contudo, essa parte da vida de Bauza já é – ou deveria ser – conhecida do público brasileiro que acompanha futebol. Suas conquistas internacionais foram televisionadas, uma pesquisa com seu nome no Google abre uma série de resultados em português e muitos, inclusive, o conhecem pelo apelido, “Patón”. Ou seja, existe até uma certa intimidade com esse homem de traços brutos e semblante sério. Mas quem é o Bauza que, antes de começar a desenhar em pranchetas e comandar equipes, calçou chuteiras e participou de coisas importantes como jogador?

À Revista Brasileiros, pessoas importantes que acompanharam de perto sua carreira falam sobre a trajetória como atleta do ex-defensor, desconhecida por aqui, e como os anos jogando futebol ajudaram a moldar a personalidade do profissional que hoje tem

a missão de comandar o Tricolor. Conheçam Edgardo Bauza, o jogador.

Bauza e o time do Central. Foto:  Arquivo documental do Mudeo de la Ciudad
Bauza e o time do Central. Foto: Arquivo documental do Mudeo de la Ciudad

Início no Central, o clube do coração
Nascido no dia 26 de janeiro de 1958, em Granadero Baigorria, uma pequena cidade da Província de Santa Fe e próxima a Rosario, Bauza é torcedor do Rosario Central desde que se conhece por gente. Ainda pequeno, costumava ir ao estádio com o pai, onde passavam seis horas por domingo assistindo a jogos das categorias de base e, por fim, do profissional. Nessas idas à cancha viu de perto seus ídolos Aldo Poy e Roberto Gramajo, campeões nacionais de 1971, o primeiro título canalla no futebol profissional – canalla é como são chamados os torcedores do Rosario Central. A história popular remete aos anos 20, quando Newell’s Old Boys e Central, rivais mortais de Rosario, foram convidados para um jogo beneficente em favor dos leprosos. O Central recusou e tal atitude fez com que fosse chamado de “canalha” pelos rivais, que por sua vez ganharam a alcunha de “leprosos” da parte dos centralistas pelo fato de terem aceitado o convite ao evento.

Apesar de ser muito alto quando era jovem, Bauza não jogava como zagueiro, nem como centroavante. No Club Sparta, equipe amadora filiada à Associação Rosarina de Futebol, atuava de primeiro volante ou como os argentinos definem, de “número 5”.

Porém, aos 13 anos de idade, foi fazer o teste no Central e ao invés de se apresentar como volante, disse que jogava na zaga, pois notou que para sua posição original havia garotos demais. Passou no teste – de zagueiro – e percorreu no clube de seus amores o caminho até o primeiro time, estreando no profissional em 11 de janeiro de 1978, vitória por 4 a 0 contra o Quilmes, sob o comando de Carlos Timoteo Griguol.

Nesse início de carreira, mesmo lutando para conseguir minutos de jogo, já mostrava uma característica que o marcaria como jogador e que seria destacada por companheiros, técnicos e rivais: a personalidade. “No (Rosario) Central, apesar de sua juventude, já se via que era muito maduro. Uma pessoa de caráter”, diz Roberto Saporiti, treinador de Bauza no Central no fim dos anos 70.

Saporiti é figura importante e muito presente na carreira de Patón. Além de comandá-lo nos canallas, o técnico foi ajudante de César Luis Menotti na Seleção Argentina no período de 1978 a 1982, que contou com a campanha vitoriosa no Mundial de 78, disputado em casa. Durante todos esses anos, a tarefa de “Sapo” era monitorar jogadores e entregar informes sobre eles a Menotti. Entre esses informes, claro, constava o de Bauza, que começava a ganhar protagonismo no Rosario Central.

Bauza cobrando pênalti contra o Newell's. Foto: Domínio público/Wikimidia Commons
Bauza cobrando pênalti contra o Newell’s. Foto: Domínio público/Wikieidia Commons

Gol contra o Newell’s para dar um empurrão
Se existe uma fórmula para ganhar o carinho do torcedor, essa fórmula consiste na soma de raça e gols diante do maior rival. Nesse aspecto, Bauza cumpriu à risca a cartilha pedida pelos hinchas e sempre foi figura determinante em vitórias canallas sobre o Newell’s Old Boys, mesmo sendo zagueiro. O que torna o fato de ele, Patón Bauza, ser o grande artilheiro do Central na história dos clássicos rosarinos um dado impressionante.

“Esses gols aumentam o carinho do torcedor do Central, já que Central x Newell’s é um dos clássicos mais passionais do futebol argentino. Sendo defensor, fez 9 gols no Newell’s, algo que nenhum atacante do Central na era profissional conseguiu”, afirma Elias Perugino, jornalista da Revista El Gráfico, publicação que já estampou Bauza em sua capa algumas vezes.

No fim de 1979, viria o primeiro gol de Bauza sobre o Newell’s, de cabeça. Escalado como titular pelo então técnico Don Ángel Zof, fez o tento da vitória por 1 a 0, fora de casa, feito que se transformou em um verdadeiro empurrão para sua carreira. A partir desse momento, assumiu a titularidade no Central e não largou mais. Assim como não largou o gosto por pisar na área adversária e marcar seus (muitos) gols.

Em 1980, chega a primeira volta olímpica. Após conquistar os títulos de 1971 e 1973, o Central voltaria a soltar o grito de “é campeão!” no Nacional, com direito a classificação na semi sobre o Newell’s. Patón se destacou tanto a ponto de ser o artilheiro do time no campeonato com 12 gols, 11 deles da marca do pênalti. O hoje treinador era muito bom nas cobranças de penalidades máximas, geralmente esperando o goleiro indicar o canto para bater no lado oposto. Um desses gols no Nacional veio no jogo de ida da decisão do torneio, contra o Racing de Córdoba, vitória por 5 a 0 que deixou os rosarinos com as duas mãos na taça.

A derrota por 2 a 0 no jogo de volta não foi suficiente para que o Racing tirasse o título dos canallas. Roberto Gasparini, autor de um dos tentos da equipe vice-campeã nessa partida, lembra a grande campanha feita pelo Central (chamado de “A Sinfônica”, em alusão a uma orquestra) e como era difícil marcar o zagueiro grandalhão. “Ele impunha sua presença física nas duas áreas e isso fazia dele um jogador importante, em uma equipe que tinha grandes figuras com muita trajetória. Era necessário tomar precauções e por sua estatura era difícil de marcar”, diz Gasparini.

Essas grandes atuações no Nacional de 1980 e nas temporadas seguintes eram acompanhadas de perto por Saporiti, que já conhecia o defensor e informava Menotti sobre o desempenho do atleta. A coroação desse grande momento veio com a oportunidade de estrear pela Argentina, em 1981, mas que para a infelicidade de Bauza não seria o início de uma memorável caminhada.

Caricatura de Bauza. Foto:  Arquivo documental do Mudeo de la Ciudad
Caricatura de Bauza. Foto: Arquivo documental do Museo de la Ciudad

Seleção, decepção e revanche
Edgardo Bauza recebeu sua primeira chance na seleção principal (soma 7 atuações pelas seleções de base) no dia 28 de outubro de 1981, em derrota ante a Polônia por 2 a 1, em Buenos Aires. O confronto com os poloneses seria o primeiro e último de Patón com a albiceleste em nove anos – mais precisamente, 8 anos, 8 meses e 14 dias para enfim voltar a defender a seleção, o que veremos mais pra frente.

De acordo com o livro Quem é Quem na Seleção Argentina – Dicionário sobre os futebolistas internacionais (1902-2010), do jornalista Julio Macías, Bauza teve o azar de “ser contemporâneo de Passarella e outros marcadores centrais muito bons: isso

diminuiu suas possibilidades”. Além da concorrência forte, havia uma outra questão, dessa vez técnica. “Seu físico fazia com que fosse lento e isso trazia a ele complicações”, analisa Macías no resumo dedicado ao jogador.

Elias Perugino, da Revista El Gráfico, concorda que a velocidade era um problema para o defensor e destaca – assim como Julio Macías – a forte concorrência para a posição na época: “Ainda que a velocidade não era sua melhor virtude, conseguia neutralizar os atacantes com a sua perícia para o jogo físico e seu sentido de colocação e antecipações. Não teve continuidade na Seleção por uma questão de gosto do treinador vigente, não porque faltavam condições a ele”.

Bauza chegou a treinar com a seleção no período de preparação para a Copa do Mundo de 1982 e vivia com ansiedade os dias prévios à convocação final para a Espanha. Porém, sofreu o corte de última hora e teve de assistir ao Mundial pela TV.

Saporiti, ajudante do “Flaco” Menotti e participante das decisões internas da albiceleste, corrobora as análises de Macías e Perugino. “Tínhamos outras características de jogadores que, para o que nós buscávamos, eram mais interessantes”, afirma Sapo.

O fato de ter sido cortado mexeu muito com Bauza, que chorou o “não” de Menotti e voltou para Rosario. No mesmo fim de semana em que ainda digeria a notícia da convocação, o Rosario Central encarava o Newell’s no clássico local. O técnico Ángel Zof sugeriu que o zagueiro descansasse, mas Bauza queria sua revanche pessoal. Pediu para jogar e Zof acatou. No confronto de 25 de abril de 1982, Edgardo Bauza anotou os dois gols da vitória por 2 a 1, um deles de pênalti, aumentando a conta de tentos contra o rival para seis. Patón, de certa forma, conseguia sua revanche e diminuía a dor do corte mundialista.

Bauza em Barranquilla. Foto: Arquivo da revista El Gráfico
Bauza em Barranquilla. Foto: Arquivo da revista El Gráfico

Colômbia e o interesse por treinar
Depois de se sagrar campeão com o Central e cortado do Mundial de 82, Bauza é transferido para o Junior Barranquilla, da Colômbia. No novo desafio o zagueiro reencontraria Roberto Saporiti e, além do treinador, seria companheiro de mais três argentinos: o goleiro Óscar Quiroga, o meia Carlos Ischia e o também meia Roberto Gasparini, que havia sido seu adversário nas finais do Nacional de 80.

Esse período no futebol colombiano foi determinante para o futuro de Bauza, já que foi em Barranquilla que Patón começou a mostrar mais interesse pelas questões táticas do futebol e pelo jogo em si. De acordo com o próprio Bauza, em entrevista à El Gráfico em 2011, disse que gravava os jogos para corrigir os próprios erros. Com isso, passou a entender melhor o futebol. “Ele me perguntava coisas do treinamento, sempre foi muito maduro. Já no Junior mostrava inquietudes de técnico e liderança”, lembra Saporiti, grande estudioso do futebol.

Quem também reconheceu em Bauza o caráter de líder e o interesse pela possibilidade de virar treinador foi seu companheiro Roberto Gasparini: “Se notava que (Bauza) levava o pensamento de ser técnico quando deixasse de jogar. Fazia muitas anotações tanto de treinos como de jogos, além disso tinha caráter para falar com o grupo de jogadores e era bem recebido”. Antes adversários, Patón e Pato (apelido de Gasparini) se tornaram grandes amigos na Colômbia. Ambos esperavam

ansiosamente pelos fins de semana, quando recebiam os jornais argentinos e a revista El Gráfico. Assim se informavam sobre a atualidade argentina e, no caso de Bauza, sobre seu querido Rosario Central.

Patón, além de líder no campo e no vestiário, era o líder também na cozinha em ocasiões especiais, como conta Gasparini: “Vivíamos todos em um apart-hotel, menos o técnico Roberto Saporiti. Cada aniversário de um integrante de alguma das famílias argentinas fazíamos comida e festejávamos todos juntos. E sempre que fazíamos o frango na parrilla quem cozinhava era o Patón. Eram frangos muito pequenos e ele os assava em um estrado de cama que tínhamos como parrilla. Era um espetáculo”.

A passagem pelo Junior de Barranquilla não seria marcante pelo número de conquistas, já que o máximo que Bauza chegou perto de um título foi o vice-campeonato de 1983. Após dois anos na Colômbia, o zagueiro retornaria à Argentina para uma passagem relâmpago de um semestre e sem destaque pelo Independiente

em 1985. Para o ano de 1986, define sua volta ao querido Rosario Central, que acabara de subir da Segunda Divisão para a Primeira. Uma volta com ares de consagração definitiva e, é claro, mais gols contra o Newell’s Old Boys.

Time do Rosario Central. Foto: Arquivo documental do Museo de la Ciudad
Time do Rosario Central. Foto: Arquivo documental do Museo de la Ciudad

Título, gols e mais gols
O Rosario Central vivia um dos piores períodos de sua história. Afinal, tinha sido rebaixado e acabara de retornar da Primera B, o segundo escalão do futebol argentino.

Garantido o retorno à elite, foi atrás de reforços para não fazer feio. Entre eles, o velho conhecido Edgardo Bauza, além de Roberto Gasparini, que voltava a dividir vestiário com Patón depois da experiência em Barranquilla.

A propósito do reencontro entre os dois, uma curiosidade: ambos eram muito bons cobradores de falta. Na Colômbia, Pato Gasparini batia a maioria das cobranças e isso seguiu na Argentina. Mas o ex-meia canalla garante que não havia briga para ver quem ficava com a bola parada. “(Em um dos anos no Junior) Tive a sorte de fazer 27 gols, muitos de falta e pênalti. Mas não existia uma competição com o Patón para ver que executava as cobranças”, revela.

Para esse torneio, o Central teve que ficar seis meses inativo após o acesso, já que a AFA adaptou o calendário argentino ao europeu – o mesmo aconteceu com o Racing de Avellaneda, que também subiu de divisão. Porém, nem mesmo o período sem competição atrapalhou a ambição da equipe rosarina. “Uma vez que debutaram no torneio 1986/1987, os de Arroyito não só se adaptaram sem problemas à categoria, mas também conseguiram uma façanha inédita no futebol profissional argentino: se transformaram na primeira equipe em ganhar o título imediatamente depois de subir (à Primeira)”, escreve Diego Estévez no livro “140 Anos de Futebol Argentino”.

Mais uma vez os canallas eram comandados pelo técnico Don Ángel Zof, uma lenda em Arroyito. Na campanha para o título, chama atenção o número baixo de derrotas: apenas 6, com 15 empates e 17 vitórias. Bauza contribuiu com seis gols no torneio, que teve na figura do meia Omar Palma, criado nas inferiores do clube, seu grande destaque na conquista nacional com 20 gols – quem também fazia parte daquele elenco era o goleiro uruguaio e hoje treinador Jorge Fossati, mas que perdeu a titularidade ao longo da competição para Alejandro Lanari.

“Foi um grande ano futebolístico, porque Central saiu campeão depois de ascender da Primeira B Argentina, um feito que ninguém repetiu e nem creio que vão repetir.

Tínhamos um time que jogava muito bem, dentro do qual Bauza era um líder indiscutível, onde também seguia somando trabalhos para o que se via que seria sua futura profissão”, lembra Gasparini, autor de nove gols na campanha, revelando as intenções do Patón depois que ele se aposentasse.

O título de 1986/1987 representava a consagração definitiva de Edgardo Bauza com a camisa do Central. O fato de também estar no título de 1980, a entrega em campo, a paixão pela camisa que vestia e os gols contra o Newell’s foram aspectos que, juntos,

criaram uma grande história de identificação com o clube. Nas temporadas seguintes, não vieram mais conquistas, entretanto a facilidade em marcar gols nos leprosos continuou sendo uma marca do zagueiro-artilheiro.

Na segunda passagem pelo Central, Bauza marcou em 1989 seus dois últimos gols no clássico, totalizando nove diante do Newell’s e se afirmando como o maior goleador canalla do confronto. Ambos foram no grande goleiro Norberto Scoponi, tricampeão nacional pelo rival e conhecido no Brasil basicamente pelo vice da Libertadores de 1992, contra o São Paulo. O primeiro desses dois tentos sofridos Scoponi lamenta e lembra até hoje. “(Bauza) Foi um jogador de muita personalidade. Pela altura que tem, embora não tenha sido muito rápido, era muito ‘tempista’. Tinha qualidade nas bolas paradas tanto defensivamente como ofensivamente. Ele cobrava faltas e, a propósito, me fez um, desviou na barreira e entrou”, recorda o ex-arqueiro.

Bauza no Campeonato de 86. Foto: Domínio público/ Wikimedia Commons
Bauza no Campeonato de 86. Foto: Domínio público/ Wikimedia Commons


Experiência no México, Mundial e aposentadoria
O início da década de 90 marca um êxodo importante de argentinos para o futebol mexicano. Bauza não ficou pra trás e também embarcou rumo ao México para enfrentar uma nova experiência na carreira, que já se aproximava do fim. Patón, então com 32 anos, foi transferido para o Tiburones Rojos de Veracruz, que além do defensor adquiriu seu companheiro de Central e destaque no título de 86/87, Omar Palma.

Roberto Gasparini mais uma vez teve seu caminho cruzado com o do zagueiro, mas agora voltava a ser adversário, condição que reservaria aos dois alguns bons enfrentamentos. “Ele foi para o Veracruz e eu, primeiro, fui ao Necaxa, depois fui ao Tigres. Jogamos várias partidas contra e com resultados diversos. As duas equipes evitavam fazer faltas perto das áreas preocupadas com as cabeçadas do Bauza e as minhas cobranças diretas (risos). Ele ainda estava em um bom nível físico já que sempre se preparou da melhor maneira”, diz Gasparini.

A passagem pelo México, assim como a no Junior Barranquilla, não foi das mais vitoriosas para Edgardo Bauza. Porém, a grande notícia a nível de seleção chegava ao defensor, que encarou com bastante surpresa os chamados de Carlos Bilardo para integrar o grupo da albiceleste em dois amistosos – México em janeiro de 90 e Escócia, em março do mesmo ano. Duas derrotas (0 a 2 e 0 a 1) que se somam à primeira, em 1981, para carimbar negativamente o histórico de Patón com a Argentina. Mas para o zagueiro isso pouco importava, uma vez que Bilardo também o convocou para a Copa do Mundo da Itália, em que a seleção foi vice-campeã perdendo para a Alemanha na final – Bauza não entrou em campo no Mundial, mas foi para o banco na final.

De volta da experiência mundialista, passagem que Bauza considera como um prêmio na sua vida, o defensor já foi se preparando para aposentar-se. Esticou um pouco mais o contrato com o Veracruz e, em 1992, deixou o solo mexicano para atender a um pedido do treinador Eduardo Solari e voltar ao Rosario Central. Ali, Patón daria o adeus à carreira e marcaria com fogo a sua história como ídolo canalla – encerraria como o terceiro maior zagueiro-artilheiro da história do futebol com 108 gols (em 499 jogos), atrás apenas de Ronald Koeman e Daniel Passarella, sendo posteriormente superado também por Fernando Hierro. Pendurou as chuteiras para se juntar no panteão dos ícones do Central a lendas como Aldo Poy e Mario Alberto Kempes, ainda que ele sempre prefira não se colocar entre esses craques.

Quem, sim, o colocou nesse patamar foi a tradicional revista El Gráfico, cuja edição de maiores ídolos do Rosario Central conta com Bauza na capa ao lado dos já citados Poy e Kempes e também de Omar Palma. “Creio que é justo que tenha aparecido nessa capa porque na história do Rosario Central foi brilhante como jogador e brilhante como treinador”, defende Elias Perugino, secretário-geral de redação da revista.

Mas sobre o Bauza treinador, caro Elias, já ouvimos falar bastante…


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