O vermelho saiu do armário

Um dos efeitos colaterais da Alethea, a 24ª fase da Operação Lava Jato, foi ressuscitar a antiga militância petista. Pelo menos era essa a impressão que tinha quem tentasse atravessar a rua Tabatinguera, no centro de São Paulo, onde fica a Quadra dos Bancários, na noite da sexta-feira 4 de fevereiro. Tradicional palco de manifestações político-sindicais, a Quadra com capacidade para receber cinco mil pessoas ficou superlotada por filiados e simpatizantes do PT.

Para protestar contra a condução coercitiva determinada pelo juiz Sergio Moro e prestar solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, militantes do partido voltaram a se enrolar na bandeira do PT e a gritar palavras de ordem. “Não vai ter golpe” era o slogan mais ouvido, ao lado de “Lula é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”.

Lula chegou à Quadra 14 horas depois de ter sido levado de sua casa em São Bernardo do Campo para prestar depoimento no escritório da Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas. Foi uma comoção como não se via há muitos anos nos encontros do PT. Durante o discurso, o ex-presidente chegou a chorar, ao citar os avanços sociais de seu governo.

Animados com a adesão da militância à convocação para o ato na Quadra, os dirigentes do PT marcaram outras três manifestações, para os dias 8, 18 e 31 de março. Caso a militância repita a participação que teve na Quadra, é provável que isso também signifique acirramento dos ânimos e mais conflitos entre grupos a favor e contra o ex-presidente e seu partido.


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