Chega a 30 horas a ocupação de alunos, pais e professores na Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Eles estão dentro do prédio desde o início da manhã desta terça-feira (10) quando, no horário da aula da manhã, entraram no edifício, trancaram as portas e anunciaram a ocupação. Uma página ligada ao movimento no Facebook anunciou na tarde desta quarta-feira 11) que o ato não tem data para terminar e convocou apoio de outros cidadãos da cidade em frente à escola, numa avenida importante de São Paulo. Estudantes ouvidos por Brasileiros nesta quarta também disseram que não há prazo para a saída do colégio.
A Polícia Militar mantém um cerco ao portão do edifício desde o início da tarde de terça-feira, mas nesta quarta se envolveu em confusão: uma aluna, que também é mãe, pediu autorização aos policiais militares para sair da escola e ver o filho. Quando foi liberada, um dos soldados disparou gás de pimenta na moça. Outras duas pessoas que protestavam contra a PM na parte de dentro da escola foram atingidas. Entre elas esta o diretor da União Paulista de Estudantes Secundaristas, Daniel Cruz, de 19 anos. No fim da tarde desta quarta, um boato de que o Choque seria chamado para retirar os alunos do local se espalhou entre os diretores da escola, que chegou a alertar os alunos, mas apenas a Polícia Militar permanece no local.
Membros do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) e de outros movimentos sociais estão do lado de fora em apoio ao ato. Um protesto contra o governador do Estado, Geraldo Alckmin, está marcado para o início da noite.
Alckmin
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse nesta quarta-feira que os protestos nas escolas paulistas – outra escola, em Diadema, também está ocupada – são movimentos políticos. Ele ainda afirmou que, independentemente das manifestações, as mudanças no sistema escolar serão feitas em 2016. “Tem muita política misturada nisso [nos protestos]. Tem muito movimento envolvido que não são das escolas”, disse Alckmin. “Você tem muita gente tirando proveito, dificultando uma medida que é correta, é necessária, que não deveria mais ser adiada e que vai ser feita”, completou.
O projeto pretende reorganizar o ensino estadual em São Paulo, separando os alunos em escolas de acordo com a idade de cada um. Assim, quem está no ensino médio ficaria numa unidade, enquanto as crianças de outras séries estudariam em escolas diferentes. A medida vai obrigar a mudança de cerca de 300 mil estudantes. A escola Fernão Dias Paes não está na relação das 94 que serão fechadas no Estado, mas passará a receber apenas alunos do ensino médio, em 2016. Segundo a secretaria, os alunos do ensino fundamental (6º ao 9º ano) serão realocados para outra escola.
Comissão da Câmara
A Comissão de Educação, Cultura e Esportes da Câmara aprovou um requerimento de visita ao colégio para esta quinta-feira (12). O pedido partiu do vereador Toninho Vespoli (PSOL), que argumentou pela necessidade de posicionamento do legislativo paulistano no caso. “Em uma questão dessa envergadura a Câmara Municipal tem que se posicionar. Não no sentido de uma briga política, mas de ir até lá e ver como podemos colaborar. Nessa situação de confronto com a polícia, temos que evitar o conflito. Os pais estão apreensivos. A comissão de estudantes tentou dialogar com a Secretaria Estadual de Educação e não teve nenhum sinal de dialogo, infelizmente foi preciso tomar essa ação extrema para que a população tivesse oportunidade de participar das decisões”, afirmou Vespoli.
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